Goiânia – A Polícia Militar de Goiás (PMGO) afastou os policiais envolvidos na operação que causou quatro mortes da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Os homens foram mortos em uma plantação de maconha na última quinta-feira (20/1).
Os policiais falam que houve troca de tiros, mas familiares e amigos das vítimas contestam essa versão. Os homens mortos não tinham histórico de violência e mantinham estilo de vida pacato, conforme as pessoas que os conheciam.

Niro e Chico morreram em ação policial na região da ChapadaDiego Baravelli/@DudaSegredo

Moradores pedem por justiça após mortes pela PM na Chapada@viladesaojorgechapadaveadeiros

Familiar de uma das vítimas mortas pela PM participou de protesto@viladesaojorgechapadaveadeiros

Chico é um dos mortos em ação da PM em plantação de maconhaReprodução

Policiais disseram que apreenderam folhas secas e maconha prensadaPMGO

Suposta plantação de maconha foi queimadaPMGO

Chico era de comunidade quilombola, foi morto em ação da PMDiego Baravelli

Niro era um morador pioneiro da Vila de São Jorge@DudaSegredo

"São Jorge pede justiça! Por que mataram inocentes", diz faixa em protesto@viladesaojorgechapadaveadeiros

"Chacina na chapada", diz faixa em manifestação na Vila de São Jorge@viladesaojorgechapadaveadeiros

Plantação tinha entre 500 e 600 pés de maconha, segundo a políciaPMGO
Após ser questionada pelo Metrópoles, a PMGO informou nesta segunda-feira (24/1) ter determinado a instauração de um inquérito policial militar e o imediato afastamento das atividades operacionais, de todos os policiais envolvidos no caso.
“A Polícia Militar não coaduna com desvio de conduta, esclarece que todas as providências cabíveis estão sendo tomadas e que o caso será apurado com o rigor devido”, prometeu ainda a PM em nota.
58 tiros
Segundo o boletim de ocorrência, sete militares participaram da operação com mortes, em uma fazenda de Colinas do Sul, próximo de Cavalcante, também na região da Chapada.
São eles os sargentos Aguimar Prado de Morais e Mivaldo José Toledo, os soldados Welborney Kristiano Lopes dos Santos, Eustáquio Henrique Nascimento Lopes e Italo Vinicius Rodrigues de Almeida. Também participaram os cabos Mascarenhas, que não teve o nome completo divulgado, e Jean Roberto Carneiro dos Santos.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, a PM disparou 58 vezes contra as vítimas, sendo que 40 tiros foram de fuzil. Os outros foram de pistola.
Os policiais dizem que os suspeitos usaram uma espingarda e três revólveres, mas amigos das vítimas só reconhecem a posse da espingarda, que seria algo comum para quem vive na zona rural.
No boletim de ocorrência diz que havia 2 mil pés de maconha na fazenda onde houve as mortes. No entanto, a PM divulgou posteriormente que eram entre 500 e 600 pés. O material teria sido todo incinerado no próprio local.
Outra cidade
A ação com mortes foi coordenada pela PM de uma cidade nas proximidades chamada Niquelândia. O comandante do município, subtenente Flávio Taveira Guimarães, defendeu que toda operação com morte da polícia é apurada, ao ser questionado sobre a revolta de familiares e amigos das vítimas.
“É família! A gente entende o sentimento deles. Quanto à versão da PM, sempre que há confronto é aberto um procedimento investigativo para apurar os fatos. Este procedimento vai para o Judiciário, que abre vistas ao Ministério Público. Cabe ao Promotor de Justiça, titular do Ministério Público, denunciar se entender que houve crime por parte dos militares, pedir arquivamento ou requisitar mais diligências. Um fato deste não começa e acaba nas mãos da PM. Existe a atuação de outros órgãos que têm independência de atuação”, afirmou ao Metrópoles.
Investigação
Procurado pela reportagem, o Ministério Público de Goiás (MPGO) disse que acompanha as investigações da Polícia Civil sobre as quatro mortes em diferentes frentes.
A Promotoria de Justiça de Cavalcante encaminhou ofício ao delegado da Polícia Civil na sexta-feira (21/1) para a apuração do caso. Também foi solicitado o apoio do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do MPGO.
Já a Promotoria de Justiça de Niquelândia instaurou procedimento administrativo para acompanhar o andamento da investigação, já que os PMs envolvidos na chacina são da cidade.
O MP ainda informou que vai acompanhar o inquérito sem impedir que seja instaurada uma investigação própria se achar conveniente.