Petrobras sobre alta dos combustíveis: “Ambiente de muita incerteza”
Estatal explicou que reajuste de até 24,9% refletiu somente “parte da elevação dos patamares internacionais de preços de petróleo”
atualizado

A Petrobras divulgou uma nota nesta sexta-feira (18/3) para explicar a mega-alta de até 24,9% nos preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha vendidos às refinarias.
Uma semana após o reajuste, considerado impopular, a estatal informou que “seguimos em um ambiente de muita incerteza, num momento em que os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia impactam a oferta”.

Recentemente, a Petrobras anunciou o aumento de 18,8% na gasolina, e de 24,9% no diesel nas refinarias. Devido ao reajuste, que começou a valer em 11 de março, consumidores passaram a questionar qual combustível é o mais vantajoso na hora de abastecer PhotoAlto/James Hardy

Para saber a resposta, é necessário realizar uma conta básica. Prepare a calculadora (ou a mente!) Jordan Siemens/ Getty Images

Divida o preço do litro do álcool pelo da gasolina. Caso o resultado seja igual ou inferior a 0,71, o indicado é que o álcool seja utilizado. No entanto, se o resultado for superior a 0,72, significa que a gasolina será o melhor negócio FG Trade/ Getty Images

Por exemplo, se nos postos o litro do álcool custa R$ 5,00 e o da gasolina está chegando a R$ 7,00, dividindo o primeiro pelo segundo, o resultado será R$ 0,71. Ou seja, nesse caso, o álcool será mais vantajoso andresr/ Getty Images

Levando em consideração o modelo do carro, será necessário dividir o valor do desempenho do automóvel com o álcool pelo desemprenho que ele tem com a gasolina Getty Images

Se o veículo circular 7,2 km/litro com álcool e 10 km/l com gasolina, temos 0,72 ou 72% de rendimento com álcool. Nesse caso, a gasolina é a indicada Artit Fongfung / EyeEm

Para saber o desempenho que o seu carro faz com cada um dos combustíveis, caso o seu automóvel não tenha computador de bordo que forneça a informação, você precisará encher o tanque e anotar o número ou zerar o hodômetro parcial PhotoAlto/James Hardy/ Getty Images

Feito isso, percorra a distância necessária para esvaziar o tanque e o encha novamente com o outro combustível, dividindo o total de litros abastecido pela quilometragem rodada Westend61/ Getty Images

Ao descobrir o que o carro faz com cada um dos combustíveis, divida o valor do álcool pelo da gasolina, para saber qual é o mais vantajoso Vinícius Schmidt/Metrópoles
A situação geral, segundo a Petrobras, indica uma competição no mundo pelo fornecimento de produtos, “o que reforça a importância de que os preços no Brasil permaneçam alinhados ao mercado global para assegurar a normalidade do abastecimento e mitigar riscos de falta de produto”.
Na quarta-feira (16/3), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a Petrobras e disse que a empresa cometeu um “crime contra a população” ao reajustar, na semana passada, o preço dos combustíveis no Brasil.
Bolsonaro também pediu nessa quinta-feira (17/3) que a Justiça cobre da Petrobras o aumento no preço dos combustíveis.
“Deixar claro para a Justiça brasileira… Por favor, eu não tenho ascendência sobre a Petrobras. Se eu quiser hoje trocar o presidente da Petrobras, eu não posso trocar. Se eu quiser hoje trocar o diretor da Petrobras, eu não posso trocar. A Petrobras é praticamente independente”, disse Bolsonaro durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
Leia a íntegra da nota da Petrobras:
“Nos últimos meses, o mercado internacional de petróleo vem enfrentando elevada volatilidade, tendo a COVID-19, seus impactos e incertezas, como pano de fundo. Mais recentemente, as tensões geopolíticas na Europa adicionaram mais uma componente de volatilidade, tendo culminado com a invasão da Ucrânia pela Rússia no dia 24 de fevereiro.
Em um primeiro momento, apesar da disparada dos preços internacionais, a Petrobras, ao avaliar a conjuntura de mercado e preços conforme governança estabelecida, decidiu não repassar de imediato a volatilidade, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo. Somente no dia 11 de março, após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, a Petrobras implementou ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras de gasolina, diesel e GLP.
Os valores aplicados naquele momento, apesar de relevantes, refletiam somente parte da elevação dos patamares internacionais de preços de petróleo, que foram fortemente impactados pela oferta limitada frente a demanda mundial por energia.
Esse movimento da companhia foi no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que, antes da Petrobras, já haviam promovido ajustes nos seus preços de venda, e necessário para que o mercado brasileiro continuasse sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras.
A Petrobras segue todos os ritos de governança e busca um equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo que evita repassar para os preços internos as volatilidades das cotações internacionais e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais.
Esse posicionamento permitiu que os preços nas refinarias da Petrobras tenham permanecido estáveis por 152 dias para o GLP, e 57 dias para a gasolina e o diesel, mesmo nesse quadro de ascensão do preço internacional.
Nos últimos dias, observamos redução dos níveis de preços internacionais de derivados, seguida de forte aumento no dia de ontem. A Petrobras tem sensibilidade quanto aos impactos dos preços na sociedade e mantém monitoramento diário do mercado nesse momento desafiador e de alta volatilidade, não podendo antecipar decisões sobre manutenção ou ajustes de preços.
Seguimos em ambiente de muita incerteza, com aumento na demanda por combustíveis no mundo, num momento em que os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia impactam a oferta, gerando uma competição no mundo pelo fornecimento de produtos, o que reforça a importância de que os preços no Brasil permaneçam alinhados ao mercado global para assegurar a normalidade do abastecimento e mitigar riscos de falta de produto.”