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Após 43 dias, família sepulta vítima da Covid que teve corpo trocado

Cadáver foi trocado em hospital de Goiânia, exumado por decisão da Justiça e só liberado para familiares após confirmação rigorosa do IML

atualizado

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Arquivo pessoal
idoso trocado Goiás Aniceto
1 de 1 idoso trocado Goiás Aniceto - Foto: Arquivo pessoal

GoiâniaFamiliares de um idoso de 89 anos morto por complicações da Covid-19 conseguiram, finalmente, realizar o sepultamento dele, em um cemitério da capital goiana, na tarde da última quarta-feira (9/6), 43 dias depois de ele morrer. O corpo foi trocado em um hospital da cidade, enterrado por outra família, por engano, e exumado para confirmação do cadáver.

O corpo sepultado por outra família é do idoso Aniceto Francisco dos Reis, que morreu em 27 de abril. Por ordem judicial, o cadáver foi exumado, nove dias depois, e passou por uma série de exames até ser identificado por meio de DNA.

Decreto municipal estabelece prazo de três anos para exumação e remoção de cadáveres na cidade, salvo decisão ou sentença judicial que determine o contrário.

“Após 43 dias, finalmente, pudemos sepultar meu pai. O IML liberou o corpo pela manhã e conseguimos fazer o sepultamento no fim da tarde”, contou ao Metrópoles o aliviado filho de Aniceto, Adriano Francisco dos Reis, de 54 anos.

Confusão

Aniceto morreu na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Gastro Salustiano, em Goiânia. Ele ficou internado por nove dias, conforme divulgado pela unidade de saúde, e faleceu com 30 minutos de diferença do outro paciente, Jesus Faustino Teles, de 63 anos, que só foi enterrado após a exumação do corpo do outro idoso.

A espera pelo sepultamento do marido gerou muita angústia e sofrimento para a aposentada Herma Moreira dos Reis, de 84 anos. “É muita aflição”, disse. Ela chegou a ter crises de insônia, perdendo noites de sono. Já não bastasse a dor pela perda do marido, precisou, também, conviver com a ansiedade de um desfecho para o caso.

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O perito criminal e superintendente de Comunicação da Polícia Técnica-Científica de Goiás, Ricardo Matos, explicou que a falta de material para confronto odontológico provocou a demora na liberação do corpo.

Remoção

O corpo de Aniceto foi removido pela Fênix, apontada como envolvida no erro por ter realizado o sepultamento dele, e encaminhado à Funerária do Parque Memorial de Goiânia, contratada pela família do idoso. A Fênix teve de sepultar o corpo do paciente Jesus Faustino, assim que houve liberação judicial.

O diretor do hospital, o médico Salustiano Gabriel Neto, admitiu “falha geral”, conforme mostrou o portal à época. Ele disse que vai cumprir o que for determinado pela Justiça, se houver pedido de reparação de danos. “O que for determinado a gente vai ter que cumprir, mas tem que se levar em conta que foram falhas humanas”, ponderou.

Gerente da funerária, Adilson Pessoa afirmou ao portal que a empresa não tem culpa pela troca dos corpos. “No necrotério do hospital, entraram primeiro a enfermeira e uma parente de Jesus para fazer a retirada do corpo dele. Em seguida, ela e a parente saíram do local onde ficam os corpos. Depois, a enfermeira levou o funcionário e entregou o corpo errado para ele”, acentuou.

“Família abalada”

A advogada dos familiares de Jesus, Andressa Camargo, sustentou que não houve culpa no reconhecimento realizado por uma parente dele. “A família está extremamente abalada. Inicialmente, o hospital atribuiu a culpa ao reconhecimento, que não existe. Tinha a ficha, prontuário médico, tudo com o corpo dele”, afirmou.

O IML só autorizou a liberação deles após a Polícia Técnico-Científica de Goiás confirmar a identificação de cada um, seguindo um procedimento rigoroso para evitar que qualquer erro fosse cometido, novamente.

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