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Moradores da Estrutural retratam a opressão da violência no teatro

O espetáculo consiste em trazer oito jovens atores da cidade para contar histórias de situações que envolvem homofobia no local

atualizado

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Giovanna Bembom/Metrópoles
Brasília(DF), 14/02/2017 –  Peça Felicidade Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles
1 de 1 Brasília(DF), 14/02/2017 – Peça Felicidade Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles - Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles

Há 15 dias em cartaz, a equipe da peça “Felicidade” teve a alegria de contar com a casa cheia durante todas as apresentações. Essa é a prova de que arte e ação social são dois ingredientes que caem bem para o público do teatro brasiliense.

O espetáculo consiste em trazer oito jovens atores da Estrutural para contar histórias de situações que envolvem homofobia e violência dentro da periferia. “Ser gay e morador de uma cidade periférica é realmente difícil. Além da homofobia, temos que lidar com problemas sociais e a presença constante da religião”, explicou o ator Vinícius Ávlis.

Os relatos apontam a violência que sofreram dentro de casa, nas ruas e até mesmo na casa em que ensaiavam para a peça – várias vezes apedrejadas por moradores da região.

Trabalho cênico
Mas nem só o conteúdo explica o sucesso da peça. Para o diretor Alexandre Ribondi, foi essencial trazer esses artistas da periferia para trabalhar o tema. “Esse me parece o caminho mais sincero e mais honesto. Permitir as pessoas que passaram pelos problemas aprofundar os questionamentos e representá-los no palco” explicou.

A escolha da Estrutural também não foi aleatória. Ribondi enxerga que há uma “mística” na Região Administrativa por conta de seu “lixão”, que realça o clima de “degradação” da história. “Puxando pelo completo oposto, podemos perceber que há também problemas desses locais que se assemelham ao que encontramos no Plano Piloto. O preconceito existe em todos lugares”, diz.

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O lixão da Estrutural também faz parte da narrativa. Em uma das cenas, os atores se vestem de lixeiro utilizando uma vestimenta alegre e um deles encontra uma joia em meio aos entulhos.  Além da crítica do ambiente em que vivem, a peça retrata sonhos de pessoas que frequentam o espaço.

A cenografia também chama a atenção. Flores feitas de garrafa PET margeiam uma cachoeira de plástico que “escorre” entre pneus. “Trabalhei com material reciclado para que os espectadores relacionem o espaço da encenação com o espaço real dos atores”, explicou a cenógrafa Maria Carmen, que também é proprietária do Teatro Goldoni – local em que ocorrem boa parte das apresentações.

Por fim, vale ressaltar o contraste produzido pelo nome da peça: “Felicidade”. Para o elenco do espetáculo, trata-se de uma forma de atestar que nenhum preconceito será capaz de vencê-los. “Sentimos o peso da palavra e podemos reconhecer que, mesmo sendo tratado como o pior dos seres, podemos ser felizes”, conclui Ribondi.

Felicidade
De sexta (3/2) até 26 de fevereiro (domingo), às 21h, nas sextas e sábados, e às 20h aos domingos, no Teatro Goldoni (EQS 208/209, lote A, no edifício Casa d’Italia). Ingressos a R$ 20 (inteira) e a R$ 10 (meia). À venda 2h antes do espetáculo na bilheteria do teatro. Não recomendado para menores de 14 anos

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