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Médicos da máfia das próteses cobravam comissão de 15% por “serviço”

A partir dos depoimentos das vítimas e de testemunhas, que começam nesta segunda-feira (5/9), e com a análise do material apreendido, a polícia não descarta a possibilidade de haver mais pessoas envolvidas no esquema

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
home operação
1 de 1 home operação - Foto: Michael Melo/Metrópoles

As vítimas dos médicos que integram a máfia das próteses começam a ser ouvidas nesta segunda-feira (5/9) pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco). A partir das oitivas das vítimas e testemunhas e com a análise do material, a polícia não descarta a possibilidade de haver mais médicos envolvidos, bem como funcionários de planos de saúde, já que em alguns casos procedimentos que custariam R$ 15 mil foram cobrados por até R$ 70 mil. A cada um dos médicos beneficiados no esquema, de acordo com as investigações, era garantida uma comissão de 15% por “serviço”.

Até a tarde deste sábado (3), 15 pacientes procuraram a Polícia Civil do Distrito Federal com denúncias como cobranças abusivas, cirurgias desnecessárias e erros médicos. O grupo também é acusado de tentar matar uma mulher que suspeitava das irregularidades e ameaçou denunciar.

Segundo a polícia, o esquema envolvia os médicos que atendiam no Hospital Home, na 613 Sul, os donos e revendedores da TM Medical, empresa especializada na venda de órteses, próteses e equipamentos especiais, e um operador que seria  Antônio Márcio Catingueiro Cruz. Também atuando no Home, ele fazia o contato comercial entre médicos, planos de saúde e fornecedores. Seria o responsável por orientar cirurgiões e a TM Medical sobre como fraudar auditorias para incluir procedimentos desnecessários.

Os depoimentos serão parte importante da investigação e se somarão ao farto material apreendido nas buscas realizadas na quinta (1º) e sexta-feira (2). As equipes estão debruçadas na análise de  documentos, arquivos, HDs e prontuários médicos, além de equipamentos que foram recolhidos no cumprimento de mandados expedidos pela Justiça.

O esquema
Segundo a investigação dos promotores e dos policiais civis, o grupo usava os procedimentos cirúrgicos para ganhar cada vez mais dinheiro. Entre as 13 pessoas presas na Operação Mister Hyde, estão médicos e representantes de empresas fornecedoras de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs). Destas, cinco foram soltas nesta sexta.

Reprodução
Mulher de 34 anos que foi submetida a sete cirurgias quase morreu ao ter um material metálico de 53 centímetros deixado na jugular, após ameaçar denunciar esquema

Cerca de 60 pacientes, de acordo com a polícia, foram lesados em 2016 somente por uma empresa, a TM Medical. O esquema teria movimentado milhões de reais em cirurgias, equipamentos e propinas. Há casos de pessoas que foram submetidas a procedimentos desnecessários, como sucessivas cirurgias, com o objetivo de gerar mais lucro para os suspeitos. Em outros, conforme revelado pelas investigações, eram utilizados produtos vencidos e feita a troca de próteses mais caras por outras baratas.

Monstros
Diante da gravidade das acusações, a própria polícia e promotores do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) compararam os médicos a “monstros”. A operação, inclusive, foi batizada de Mister Hyde, numa referência ao filme “Dr. Jekyll and Mr. Hyde” ou “O Médico e o Monstro”.

Baseado no romance “Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde” (“O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde”), de Robert Louis Stevenson, publicado em 1886, mostra as duas faces de um médico. A história se passa em Londres, no século XIX. O médico e pesquisador Henry Jekyll crê que o bem e o mal existam em todas as pessoas.

Jekyll tem muita determinação para provar sua teoria e, por isso, após trabalhar incansavelmente em seu laboratório, elabora uma fórmula e a ingere. Como resultado, seu lado demoníaco é revelado, que ele chama de Mr. Hyde. O pior é que o personagem não consegue controlar a sua face do mal.

De acordo com o promotor Maurício Miranda, da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Servidores de Saúde (Pró-Vida), os pacientes eram vistos como “projetos econômicos” pelos integrantes da organização, incluindo os médicos.

Hospital esclarece
Em nota divulgada neste sábado, o hospital informou que tem contribuído com as autoridades no sentido de serem devidamente apurados os fatos desde a deflagração da operação, disponibilizando todos os documentos e explicações solicitadas.

Sobre os fornecedores de órteses e próteses, a instituição explica que “não há qualquer tipo de favorecimento no Home”   Informa, ainda, que a TM Medical “tem baixa participação no volume de cirurgias realizadas no hospital”.

A unidade reitera que presta total apoio às investigações realizadas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal.

 

 

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