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Afonso Assad muda versão sobre encontro com distritais acusados na Drácon

Em novo depoimento, empresário disse que apenas Julio Cesar, sem Bispo Renato, teria participado de reunião em churrascaria

atualizado

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Sinduscon/Divulgação
afonso assad, presidente da asbraco
1 de 1 afonso assad, presidente da asbraco - Foto: Sinduscon/Divulgação

Afonso Assad, testemunha-chave da Operação Drácon, retificou o depoimento inicial que deu ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), em julho de 2016. Três meses depois de afirmar que havia se encontrado com os distritais Bispo Renato Andrade (PR) e Julio Cesar (PRB) em uma churrascaria — onde os deputados teriam pedido uma “ajuda” financeira” —, Assad mudou a versão.

Em outubro do ano passado, quando o escândalo já havia se tornado público, o empresário disse que apenas Julio Cesar estava no encontro, ocorrido em 7 de dezembro de 2015. Presidente da Associação Brasiliense de Construtores (Asbraco), Assad afirmou que, além de Julio Cesar, havia uma pessoa do PRB, da qual ele não se recordava o nome.

Apesar da mudança no depoimento, aos promotores do MPDFT, Assad manteve a versão em que ele acusa tanto Julio Cesar quando Bispo Renato de o terem procurado para pedir propina em troca da aprovação de emendas. Os recursos seriam destinados a reforma e manutenção de escolas.

Contrapartida
Segundo o empresário, em troca dos recursos das emendas, os deputados queriam uma contrapartida que serviria para o pagamento de “dívidas de campanha”. Assad relatou, em depoimento, que, dias após o almoço na churrascaria, foi procurado por Alexandre Braga Cerqueira, então assessor de Bispo Renato. Cerqueira teria pedido a propina em nome dos parlamentares.

O novo depoimento de cinco páginas vem à tona às vésperas de o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) decidir se aceita ou não a denúncia do MPDFT contra os antigos membros da Mesa Diretora Raimundo Ribeiro (PPS), Julio Cesar, Bispo Renato e a ex-presidente Celina Leão (PPS), além de Cristiano Araújo (PSD).

Em denúncia feita pela distrital Liliane Roriz (PTB), ex-vice-presidente da Casa, membros da Mesa Diretora teriam combinado a aprovação de recursos de emendas parlamentares para a reforma de escolas em troca de propina. Com a negativa de Assad, os recursos teriam ido para a Saúde, onde o deputado Cristiano Araújo teria conseguido empresários que aceitassem a combinação.

Defesa
Em nota Bispo Renato Andrade reafirmou sua inocência e disse que se colocou à disposição da Justiça desde o início das investigações. Ele disse que sua defesa está nos autos e ressaltou que o próprio Afonso Assad confirma sua versão, de que eles não estiveram juntos no encontro ocorrido na churrascaria Fogo de Chão.

Também por meio de nota, o deputado Julio Cesar desqualificou a nova versão do empresário. Para o distrital, “a narrativa apresentada pela testemunha não merecer credibilidade, por conta das constantes mudanças de versões”.

Nossa reportagem procurou o empresário Afonso Assad em todos os telefones a que temos acesso, mas até a última atualização desta matéria, ele não havia retornado os contatos.

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