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Polícia Militar invade Torre Palace Hotel para retirar sem-teto

Foram usadas várias bombas de efeito moral. Um dos invasores foi atingido por uma bala de borracha e ficou ferido

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Torre palace hotel
1 de 1 Torre palace hotel - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Polícia Militar invadiu o Torre Palace Hotel na manhã deste domingo (5/6), por volta das 6h30, para retirar os sem-teto. Os invasores resistiram à desocupação e colocaram fogo no edifício. O clima ficou tenso, já que existem crianças no local, invadido desde outubro do ano passado. Os ocupantes se renderam às 7h07.

A retirada durou 37 minutos. Os invasores resistiram jogando tijolos, pedras, telhas. Eles chegaram a usar um fogão e um botijão de gás, incendiando o alto do prédio. Foram usadas várias bombas de efeito moral. Um dos invasores foi atingido por uma bala de borracha e ficou ferido.

Arquivo Pessoal
Momento em que bombeiros e PMs tomam o controle do hotel ocupado

 

Os invasores adultos foram algemados e serão levados ao Departamento de Polícia Especializada (DPE) da Polícia Civil para serem autuados por vários crimes, como tentativa de homicídio, resistência, dano ao patrimônio. Cerca de 200 homens do Batalhão de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), auxiliados por dois helicópteros e pelo Corpo de Bombeiros, iniciaram a tomada do prédio.

As quatro crianças foram as primeiras a serem retiradas do Torre Palace e atendidas na ambulância do Corpo de Bombeiros. Estavam muito assustadas. Há cinco dias o Governo do DF tentava negociar uma retirada pacífica, mas sem sucesso. Cerca de 12 invasores, segundo a PM, estavam no local, além das quatro crianças.

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Confira como foi a ação da polícia filmada por um hóspede de um hotel vizinho:

 

O Governo do DF cumpre determinação judicial de desocupar e cercar todo o edifício, que também é usado por usuários de drogas. Desde quarta-feira (1º/6), a PM tenta desocupar o hotel. A ideia inicial era que os invasores saíssem espontaneamente. Mas isso não ocorreu.

Foram várias tentativas de negociar. As crianças acabaram usadas como escudo para evitar uma ocupação forçada. Para vencer os sem-teto pelo cansaço, a entrada de alimentos e água foi proibida. A energia foi cortada. Durante esses dias, dois invasores chegaram a desistir e sair do prédio.

Mas os líderes do Movimento da Resistência Popular (MRP), Edson Francisco da Silva e Ylka Carvalho, insistiam em dizer que a saída estava condicionada à indicação de um local para que os sem-teto pudessem ser instalados definitivamente. Os dois foram presos no ano passado, em uma operação da Polícia Civil, acusados de extorquir dinheiro de pessoas em troca da promessa de um lote. Edson, inclusive, estava em liberdade provisória.

 

Disputa judicial
Fundado em 1973, o Torre Palace Hotel foi o primeiro prédio do Setor Hoteleiro Norte. Hoje, é parte de uma disputa entre herdeiros do libanês Jibran El-Hadj, dono do prédio, morto em 2000. O prédio está abandonado desde 2013. Desde outubro do ano passado, é o lar de integrantes do Movimento Resistência Popular, que invadiram o local após serem expulsos do Clube Primavera, em Taguatinga.

Ao todo, cerca de 200 pessoas chegaram a ocupar o local, que fica em área privilegiada, em frente ao Eixo Monumental. Palco de diversas tentativas mal-sucedidas de reintegração de posse, o hotel já foi condenado pela Defesa Civil, que apontou diversas falhas graves na estrutura da construção.

Retirada e cercamento
Em março deste ano, a juíza Mara Silda Nunes de Almeida, da 8ª Vara de Fazenda Pública, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, deferiu, em caráter liminar, ação protocolada pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF), por ordem do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), contra a Torre Incorporações e Empreendimento Imobiliário Ltda., proprietária do hotel Torre Palace, no Setor Hoteleiro Norte.

Na ocasião, foi dado um prazo de 20 dias para que a empresa promovesse a remoção das pessoas que estavam no local, bem como o cercamento do perímetro da edificação, a retirada das telhas quebradas ou soltas e a correção do telhado para evitar infiltrações, entre outras providências necessárias em caráter de urgência.

 

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