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Proteste encontra gordura além da informada em queijo minas frescal

Algumas marcas também têm até 47% a mais de sódio do que está escrito na embalagem

atualizado

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Imagem colorida de queijo minas - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de queijo minas - Metrópoles - Foto: Reprodução

Gosta de um queijo minas frescal? Então, preste atenção. A Proteste, associação de defesa dos consumidores, fez um teste com o objetivo de avaliar a qualidade físico-química, as condições de higiene e a rotulagem de amostras de dez fabricantes do produto. O teste mostrou que algumas marcas, ao contrário do que se acredita, têm excesso de gorduras e sódio e, além disso, apresentam no rótulo informações que nem sempre condizem com a realidade. Segundo o estudo, 90% das amostras analisadas contêm mais gordura total do que o descrito na embalagem.

No laboratório, a associação avaliou o rótulo dos produtos e verificou a veracidade das informações encontradas. Também mediu a quantidade de gordura presente no extrato seco de cada um deles. Observou, ainda, o teor de umidade e se os queijos levavam amido em sua composição. Além disso, os produtos passaram por análises capazes de detectar a presença de micro-organismos causadores de doenças. As amostras foram coletadas em redes de supermercado do estado de São Paulo.

Ao avaliar o conteúdo de sódio, a entidade verificou que os produtos das marcas Quatá e Keijobon informam na rotulagem ter mais sódio do que realmente têm, com uma variação entre o descrito no rótulo e o medido em laboratório de 29% e 31%, respectivamente. Já a marca Puríssimo light, que indicava conter 40% menos sódio, na verdade possui 47% a mais de sódio em comparação ao prometido no rótulo.

Quanto ao conteúdo de gorduras totais, a situação é ainda mais preocupante. Quase todas as amostras do teste apresentaram ter mais gordura total do que a indicada na embalagem. No rótulo, uma fatia de 30g do Keijobom (sem sal) tem 3g de gordura. Porém, de acordo com os resultados do teste, 30g do produto trazem 7,4g de gordura, uma diferença de 145%. As maiores divergências foram observadas nas marcas: Keijobon sem sal (145%), Puríssimo (56%) e Sol Brilhante (53%).

Confira as marcas analisadas:

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Em relação à rotulagem, apesar das embalagens dos queijos minas frescal avaliados trazerem as infor­mações exigidas por lei, foram detectados problemas. Segundo a legislação brasileira, a diferença entre as informações contidas no rótulo e o que contém o produto oferecido ao consumidor não pode ser maior que 20%.

Confira o resultado:

Reprodução/Proteste

 

A Proteste verificou ainda o teor de matéria gorda no extrato seco e o nível de umidade, dados importantes para saber se o queijo que o consumidor está levando para casa é realmente do tipo minas. De acordo com a legislação do Ministério da Agricultura, ele é considerado um queijo semigordo e de alta umidade.

Com exceção do Puríssimo (reduzido de sal), todos os produtos apresentaram teores de matéria gorda no extrato seco acima do estipulado para os queijos chamados semigordos. Entretanto, os produtos não apresentaram teor de umidade fora do limite da legislação. A associação também não detectou a presença de amido nas amostras ou de micro-organismos patogênicos (aqueles que fazem mal a saúde do consumidor).

De acordo com o Artigo 6º inciso III do Código de Defesa do Consumidor, é um direito básico a informação adequada e clara sobre diferentes produtos e serviços, com especificações corretas de quantidade e características.

Os resultados foram encaminhados ao Ministério da Agricultura e à Anvisa, para que sejam tomadas medidas necessárias. O Metrópoles está tentando contato com todas as marcas. Até o momento apenas a Queijos Quatá não se manifestou.

A Leite Fazenda Bela Vista informou que realiza análises constantes em seus produtos e que e os números obtidos nos testes sempre se encontram nos padrões normais.

A Queijos Ipanema afirmou que a adversidade nos valores de concentração de sódio e gordura se deve à alta umidade do produto, questões de transporte e de refrigeração. De acordo com a empresa, o produto avaliado pela Proteste foi considerado dentro dos padrões durante a fabricação.

Já a Keijobon Laticínios disse que a Proteste errou ao divulgar que as informações contidas no rótulo analisado não procedem. Conforme a companhia, os valores nutricionais dos produtos podem ter sido alterados mediante a temperatura e o volume de líquido do queijo no momento do estudo, pois o teor de proteínas, gordura e sal podem variar.

A Laticínios Remar Ltda, responsável pela marca Queijos Puríssimo, também relatou que realiza análises constantes em seus produtos. Segundo a empresa, as condições a que os queijos foram expostos podem alterar a concentração de sódio e gordura. Mencionou ainda que as últimas avaliações da versão light demostraram uma redução de 40% no teor de sódio em relação à versão tradicional.

A Balkis Queijos Finos comunicou que os produtos da marca são submetidos a testes frequentemente, e as condições de exposição podem determinar os valores incorretos. Segundo a empresa, a quantidade de gordura e sal poderia ser facilmente regularizada com uma contraprova, que não foi realizada pela Proteste.

A Laticínios Village Indústria Comércio Eirelli, detentora da Sol Brilhante, divulgou que os dados alterados obtidos pela Proteste se devem à temperatura inadequada de conservação e ao transporte incorreto das amostras até o laboratório, o que teria causado um acúmulo de gordura no produto.

A Tirolez disse que aguarda um laudo da Proteste com informações sobre os métodos e os laboratórios utilizados para fazer os testes. Informou ainda, que a marca realiza avaliações periódicas e rigorosas para atestar a qualidade da produção e distribuição de suas mercadorias.

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