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Brasiliense Gabriel Góes se destaca em projeto com Laerte e Angeli

O quadrinista da cidade revelou, em entrevista, como foi a experiência no Projeto Baiacu

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1 de 1 goes - Foto: Divulgação

Você ouviu falar no Projeto Baiacu? É um projeto admirável que inclui a publicação de uma nova revista e um período de residência para 10 artistas revelação dos quadrinhos nacionais. A curadoria é de ninguém menos que Laerte e Angeli (com forte participação de Rafael Coutinho).

A ideia dos dois veteranos foi produzir uma sinergia coletiva a partir de várias mentes distintas, de vários cantos do país, que pensam e produzem quadrinhos. A residência, que ocorreu na Casa do Sol (antiga moradia de Hilda Hilst), em Campinas, acabou no último dia 24, e já podemos ver alguns resultados desta felicíssima empreitada.

FOTO_RAFAEL_RONCATOQuem estava neste seleto grupo? Podemos destacar, por exemplo, o genial quadrinista gaúcho Rafael Sica, com sua poética do absurdo, e o anárquico paulista Fábio Zimbres, ídolo de gerações. Ou ainda a hilária (e mordaz) carioca Laura Lannes. Houve também a presença estrangeira da colombiana Power Paola e do grego Ilan Maouach. Entre eles, outros perfis, diferentes abordagens, um tour de force sobre a forma de expressão “quadrinhos”.

A programação ainda incluía uma ocupação no SESC Ipiranga (em São Paulo), com murais resultantes dos trabalhos na residência, além de oficinas. O site do projeto é arrojado e amigável, com muitos vídeos maneiros e material gráfico registrando toda a excelência da iniciativa.

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Além de tudo isso, para Brasília, o Baiacu teve gosto especial pela participação, na residência, do quadrinista e ilustrador Gabriel Góes, velho conhecido da cena por aqui. Ele fez parte de projetos significativos na cultura de quadrinhos da cidade, como as revistas “Samba” e “F.A.B.I.O.”. Além disso, publicou duas elogiadas adaptações de peças de Nelson Rodrigues, junto a Arnaldo Branco.

Sempre de cigarro na boca, com ar enfastiado e certa malemolência, Góes é um cara gentil e focado, obcecado pelo que faz, de poucas palavras. Como deve caber a um bom apreciador de boxe, seu talento está no vigor do traço (cartunesco, cheio de personalidade) e suas múltiplas referências (de desenhos animados a quadrinhos dos anos 1980), que o fazem um dos mais completos quadrinistas da capital.

FOTO_RAFAEL_RONCATOTroquei algumas palavras com Góes sobre o Projeto Baiacu.

Como foi a convivência com os outros artistas no Projeto Baiacu? Alguma coisa te surpreendeu?
Vários ídolos! Poder colaborar e conviver com o talento dos artistas, acompanhar e participar dos processos de cada um, foi realmente engrandecedor. Sentar numa mesa e tomar sopa na casa da Hilda Hilst com Laura Lannes, Fabio Zimbres, Juliana Russo, Power Paola, Eloar Guazelli, Rafael Sica, Mariana Paraiso, Pedro Franz, Ilan Manouach e Rafael Coutinho foi insólito.

O que mais me surpreendeu foi o senso prático, a capacidade, desenvoltura e resistência física desses artistas. Acho bem incrível também a grandiosidade do projeto como um todo, que envolveu, além da residência, vários workshops e conversas. Tudo muito bem documentado. Mil detalhes que deram bastante trabalho para a editora Todavia, SESC Itaquera, SESC Digital, Instituto Hilda Hilst e a Narval.

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Como você acha que Projetos como o Baiacu podem alterar a produção brasileira de quadrinhos?
Acho muito importante e vejo esse tipo de iniciativa como um passo adiante no sentido de valorizar os autores e os quadrinhos brasileiros, além aproximar o quadrinho do público. Que venham mais!

Angeli e Laerte são veteranos dos quadrinhos e pertencem a uma geração cultuada. Em que você acha que eles se diferem da sua própria geração? Como eles te influenciaram?
Eu cresci lendo Angeli, Laerte, Glauco, Circo, Animal, etc. Sinto esses caras muito próximos de mim, como parentes ou professores, mas sem a parte chata. Acho que o artista é um pouco resultado de sua época. Então, apesar de fazermos a mesmíssima coisa, temos assuntos e mecanismos diferentes. A minha geração de autores pegou carona e continuou de onde eles pararam (não que eles tenham parado), então alguns quadrinistas mais jovens têm uma tendência ao experimentalismo, enquanto a “velha guarda” cai um pouco mais para o humor.

Como a residência no projeto vai influenciar sua própria obra? Vai publicar algo que saiu dele? Quais são seus próximos passos nos quadrinhos?
Tenho dois livros que serão publicados em breve: “Soco! Vol.1” (compilação das aventuras do Billy Soco) e “Mapinguari” (drama sobre três gerações de uma família de seringueiros). Também estou negociando com a Ugra Press uma edição impressa do “Vania” (Vice Comics). E o “Novo Amanhecer” também retorna ainda este ano para a sua segunda temporada.

Todo o material que produzi na residência Baiacu foi na intenção de publicar na revista. Para todos nós, a casa da Hilda e o fato de estarmos numa residência artística convivendo com outros autores acabou se tornando um dos assuntos centrais no material produzido durante a nossa estadia. Imagino que no final o livro vai ficar meio parecido com um documentário doidão sobre esses quinze dias.

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