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Conheça os quatro melhores quadrinhos (e uma animação) de “Star Wars”

A saga de George Lucas em HQ passou por várias fases e editoras diferente

atualizado

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A esta altura do campeonato, espero que você já tenha visto “Star Wars: Os Últimos Jedi”. Polêmicas à parte, aí vai minha opinião (sem spoilers!) em uma linha: o filme mergulha fundo nas possibilidades existenciais e na revalorização do potencial da série, mas não sem algumas barbeiragens no caminho. Tá bom assim?

A ideia da ZIP não é comentar o último filme, e sim chamar atenção para uma parte (grande) do fenômeno “Star Wars” que pode ter escapado a boa parte dos fãs: os quadrinhos inspirados na série. Milhares de histórias foram publicadas ao longo de 40 anos e chegaram a ser “cânone” (ou seja: produtos oficiais da mitologia) por algum tempo, até que, primeiro, George Lucas, com os prequels, e depois a Disney, zeraram tudo.

Isso não significa que, no meio de uma floresta de chorume e porcarias caça-níqueis, não se salvem  quadrinhos de primeiro quilate.

A primeira história em quadrinhos de “Guerra nas Estrelas” saiu ainda em 1977 (ano de lançamento do primeiro filme) pela Marvel Comics, na época em um de seus auges criativos. Depois disso, foram lançadas coisas interessantes até 1986. A editora Dark Horse foi a que por mais tempo publicou a saga, cobrindo diferentes períodos e personagens da cronologia (sofisticando imensamente o chamado “universo expandido”). A parceria durou até 2014.

Como a Disney comprou tanto a Marvel quanto a Lucasfilm em 2015, a saga voltou a ser publicada pela Casa das Ideias, desta vez incorporando o novo cânone com Paul Dameron, Kylo Ren e Cia.

A cronologia dos quadrinhos é imprecisa, cheia de variações e pode se passar num passado longínquo, nas imediações ou durante qualquer um dos filmes. Estou indicando meus quatro gibis “Star Wars” favoritos e uma ótima animação:
1 – “Star Wars: Clássicos da Marvel Comics” – Vários autores (1977-1986): Quando a Marvel primeiro abordou “Star Wars” no final dos anos 1970, a editora estava em um de seus auges criativos, com histórias revolucionárias, ousadas, sofisticadas e memoráveis. “Star Wars” abocanhou artistas que se tornariam medalhões, como Walt Simonson e Howard Chaykin, além dos roteiristas David Michelinie e Ann Nocenti.

Esses quadrinhos da Marvel têm tudo que a editora primou em sua fase setentista e no começo dos anos 1980: dinamismo, despretensão, aventuras contagiantes, narrativas bem formadas e textos inteligentes. E não importa se desviavam um pouco do “espírito” original de “Star Wars”: aqui, Han Solo pode ser um destruidor de corações galáctico, Luke se apaixona por uma espiã de Vader e até mesmo personagens inéditos esdrúxulos (como o coelhão Jaxxon) são bem maneiros. Muito desse material foi relançado encadernado pela Planeta DeAgostini. Diversão garantida.


2 – “Trilogia Dark Empire” – Tom Veitch, Cam Kennedy, Jim Baikie (1991-1992): Durante muito tempo, essa seminal minissérie lançada pela Dark Horse no início dos anos 1990 foi a continuação “oficial” (ao menos no coração dos fãs) de “O Retorno de Jedi” (competindo com a também cultuada série de livros da “Trilogia Thrawn”, de Timothy Zahn, cuja adaptação em quadrinhos é decepcionante). Elementos surpreendentes tornam a narrativa excitante: Luke vai para o lado negro, o Imperador é clonado e revive o Império, Han Solo e Leia têm os famosos gêmeos (e um terceiro – e caçado – filho) e vários arcos simultâneos se desenvolvem com propriedade e sobriedade.

Porém, o mais impressionante dentro de tantos aspectos épicos é a arte de Cam Kennedy, que retrata a saga num obscuro cyberpunk com jedis sombrios vestindo couro e ostentando moicanos, tecnologia de guerra e artilharia pesada retrofuturista. O texto de Tom Veitch, cheio de nomenclaturas maneiras para planetas, máquinas e personagens, é detalhado e respeitoso. Coisa de arquiteto, de engenheiro, de fã.


3 – “Star Wars – A New Hope” – Hisao Tamaki (1998): No final dos anos 1990, a DarkHorse encomendou ao mestre magaka Hisao Tamaki uma adaptação, no estilo mangá, do roteiro de George Lucas para o filme de 1977. O resultado é um retrato brilhante (para dizer o mínimo) do imaginário original de Lucas para o estilo japonês. Tamaki parte de falas e sequências literais do roteiro (chegando a inserir coisas que não foram filmadas) e produz um “Star Wars” vívido e contagiante.

Divido em quatro volumes, esse mangá de fato consegue extrair energia e pulso de coisas que o “A New Hope” não alcança, como dinamismo nas ações (coisa que o filme realmente encena mal), aspectos de montagem e intenções dos personagens. As ilustrações e a composição em mangá são praticamente indefectíveis, seja em pequenos detalhes e quadros ou em splash pages. Um dos melhores produtos já feitos sob a alcunha “Star Wars”.


4 – “Star Wars – A Guerra nas Estrelas” – J.W. Rinzler, Mike Mayhew e Rain Beredo (2013): Na finaleira da fase Dark Horse, alguém teve uma ideia genial: ir atrás do primeiro tratamento do roteiro para “Star Wars” (de 1977) escrito por George Lucas, além dos esboços para personagens, tecnologia e cenários do filme. Tudo foi adaptado numa magnífica minissérie em quadrinhos.

Aqui, Luke é pai de “Anikin” e o último representante dos Jedi-Bendu, inimigos eternos dos Cavaleiros Sith. Estes últimos, aliados a um imperador do comércio e a um implacável general (somente humano) chamado Darth Vader, conquistam a galáxia exceto no reduto do rei Kayos, pai da rebelde princesa Leia. Como se pode ver, muito da visão original de Lucas foi transposta, adaptada ou simplesmente ressignificada nos filmes posteriores.

Neste quadrinho podemos ver o quão longe ia esta visão, e como tudo poderia ter sido diferente, mais próximo efetivamente da cavalaria medieval e das lendas de samurais. “A Guerra nas Estrelas” é sofisticado e inteligente, e, para arrematar, a arte requintada e realista de Mayhew e Beredo (lembrando Alex Ross) dá um ar de produto de luxo.


5 – “Star Wars: Guerras Clônicas” (desenho animado) – Genndy Tartakovsky (2003-2005): Dentre tudo que foi feito em animação contendo “Star Wars” – de “Droids” até “Rebels” – nada chega perto do resultado que o mago Genndy Tartakovsky realizou para dar um caldo nos prequels dirigidos por George Lucas. A série é possivelmente o melhor produto “Guerra nas Estrelas” dentro deste recorte na cronologia. Para quem não sabe, Tartakovsky é o gênio do Cartoon Network responsável por “Laboratório de Dexter” e “Samurai Jack”. Seu estilo é inconfundível.


“Guerras Clônicas” tem ação intensa e emocionante, design autoral que não fere a beleza original e ainda desenvolve motivações nos personagens de uma maneira única. A passagem de Anakin (de padawan para Jedi) é antológica, e até o General Grievous parece um bom personagem aqui. E o melhor: a série completa pode ser vista em pouco mais de duas horas.

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