Bolsonaro rompe com vacinação
Flávia Said

Bolsonaro rompe com trajetória presidencial de vacinação

Com a ausência de participação direta do chefe do Executivo federal no processo de imunização contra a Covid-19, que caminha a passos lentos no Brasil, Jair Bolsonaro rompe com a trajetória de presidentes que atuaram no incentivo à vacinação

Bolsonaro questionou a segurança das vacinas e citou riscos associados a elas. Em tom jocoso, falou que, ao tomar o imunizante, era possível “virar jacaré”

Já em idade de ser vacinado no DF, o mandatário da República tem dito que pretende ser o último brasileiro imunizado

No início do século 19, a “Revolta da Vacina” explodiu, no Rio de Janeiro, contra a obrigatoriedade da imunização contra a varíola.
O negacionismo logo ficou para trás e, a partir de 1930, com o desenvolvimento do fármaco contra a febre amarela, campanhas de vacinação tornaram-se frequentes no país

Ditadura militar
(1964-1985)

Mesmo com a censura do regime, presidentes militares divulgaram a imunização como forma de contenção da epidemia de meningite. A foto de Artur da Costa e Silva sendo imunizado pela segunda vez foi amplamente divulgada

Em 1986, foi criado o Zé Gotinha, personagem idealizado pelo artista plástico Darlan Rosa para auxiliar na imunização infantil. Sarney ampliou a cobertura vacinal em crianças e inaugurou uma era de presença constante dos presidentes no dia de inauguração das campanhas

Sarney
(1985-1990)

No período, o programa de multivacinação foi reforçado no país, com a criação de mais postos e o aumento dos agentes de saúde comunitários. As campanhas imunizaram contra poliomielite, sarampo, coqueluche, difteria e tétano

Collor e Itamar
(1990-1995)

Recentemente, Collor, que tem 71 anos, tomou a vacina contra a Covid-19 e divulgou imagens do evento, com a mensagem:

“Viva o SUS! Vacine-se!”

Ao longo de seus dois mandatos, FHC incentivou a vacinação contra a gripe, e foi fotografado tomando o imunizante. Foram divulgadas ainda campanhas de rádio e TV voltadas à população-alvo, os idosos

FHC
(1995-2003)

A campanha de combate à gripe prosseguiu nos governos seguintes. Em 2008, Lula foi vacinado contra o vírus por José Serra (PSDB), então governador de São Paulo e seu adversário político à época

 Lula
(2003-2010)

Em 2009, com a pandemia de gripe suína (H1N1), o país se viu às voltas com o uso do álcool em gel. No início, Lula chegou a minimizar o vírus, mas, com o aumento de mortes no país, o Ministério da Saúde redobrou a atenção às recomendações da OMS e investiu em vacinas e insumos

Em 2016, Dilma Rousseff, já em meio ao processo de impeachment, fez um pronunciamento em rede nacional para pedir união no combate à dengue e ao zika

Dilma
(2011-2016)

Durante o breve período em que esteve na Presidência, Temer deu continuidade às campanhas de vacinação vigentes, como, por exemplo, a contra a febre amarela

Temer
(2016-2018)

Todos os ex-presidentes do Brasil vivos já se vacinaram contra a Covid-19, com exceção do atual mandatário. Ao não participar ativamente da campanha de imunização contra a Covid, Bolsonaro também se descola de seus antecessores

TEXTO:
Flávia Said

IMAGENS:
Metrópoles, Canal Foco do Brasil (YouTube), Agência Estado, Reprodução Fiocruz, Twitter/Fernando Collor, Getty Images, Presidência da República