Olívia meireles

A incrível história do maior golpe já sofrido pelo mercado de arte

O documentário Fake Art: Uma História Real, da Netflix, apresenta um enredo chocante sobre o mercado de arte moderna. Dirigido por Barry Avrich, o longa narra o contexto em que ocorreu um golpe de US$ 80 milhões, aplicado a um dos maiores empresários dos Estados Unidos

A trama começa com Ann Freedman, diretora da galeria de arte Knoedler, em Nova York, a mais antiga dos EUA. Em 1995, a americana comprou um quadro pintado por Mark Rothko, um dos pintores mais importantes da história da arte

Ann adquiriu a peça por US$ 750 mil, de um vendedor anônimo, em um acordo mediado por Glafira Rosales – uma mulher desconhecida, que chegou à galeria carregando o quadro na mala do carro

A galerista acreditou na versão contada por Glafira, consultou informalmente alguns especialistas e conseguiu o certificado de autenticidade do quadro. A obra de arte foi vendida em um leilão por US$ 5,5 milhões

A peça ganhou matéria em jornais, parou em livros de especialistas no trabalho de Rothko e acabou sendo exposta em museus importantes, inclusive em Basileia, na Suíça

Glafira virou uma fornecedora frequente de Ann e, em 10 anos, vendeu mais de 60 quadros falsificados para a galeria. A golpista alegava ter obras que seriam de Jackson Pollock e outros expressionistas abstratos

Colecionadores bilionários, galerias e até museus compraram as obras falsificadas. O escândalo ficou conhecido como o mais caro golpe do mercado de arte dos Estados Unidos. A galeria recebeu US$ 80 milhões ao longo da década de 1990 e início dos anos 2000

O golpe acabou sendo descoberto após um comprador solicitar análise laboratorial da obra. Os peritos examinaram a data e a origem dos materiais usados para pintar as peças

Para deixar os quadros mais reais, os golpistas compravam telas em branco fabricadas na década de 1950. Os criminosos, entretanto, acabaram sendo pegos, porque usavam uma marca de tinta que começou a ser comercializada nos 1970, após a morte dos pintores

As investigações policiais descobriram que o então namorado de Glafira, Jose Carlos Diaz, era a cabeça por trás dos golpes. Ele contratava o pintor chinês Pei-Shen Qian, professor em uma universidade americana, para falsificar as obras

Os compradores que sofreram o golpe acreditam que Ann estava envolvida com os criminosos e teria ganhado uma parte das vendas. Ela nega todas as acusações e diz também ser vítima 

A Justiça condenou apenas Glafira pelo crime. Jose Carlos Diaz fugiu para a Espanha, país onde nasceu, e Pei-Shen Qian conseguiu embarcar em um avião para a China. Nenhum dos dois foi extraditado de volta para os Estados Unidos

TEXTO:
Olívia Meireles

IMAGENS:
Netflix