2016 foi um ano intenso para os LGBTs. Veja retrospectiva

Atentado em Orlando em uma boate gay aconteceu este ano e perdemos ícones do movimento como Prince, George Michael e Elke Maravilha

Ítalo Damasceno
Compartilhar notícia

Chegou aquela hora de olhar para trás e fazer o balanço do ano. Admito que dá até medo de relembrar o que passou, porque pense num ano carregado e hoje ainda é 27, ou seja, ainda tem 4 dias para ele nos surpreender (negativamente de acordo com a tendência que ele vem demonstrando).

2016 foi um ano intenso. Continuamos sendo extremamente violentos, para não dizer assassinos, com nossos LGBTs – sobretudo com travestis e transgêneros. E em um ano em que polarizações foram marcadas de forma ainda mais forte, a violência se mostrou ainda mais brutal e lamentável com o terrível atentado de Orlando em junho.

Esse ano que tem sido chamado de “inclemente” com pessoas tão especiais, na lista dos que nos deixaram, quatro nomes não podem deixar de serem citados: David Bowie, Prince, Elke Maravilha e, nessa semana, George Michael. Este espaço seria pequeno para dizer o quanto essas pessoas são importantes para as nossas conquistas.

Mas se a tristeza é o nosso primeiro pensamento ao falar do ano, há coisas boas para lembrar também. Por exemplo, a primeira medalha de ouro das Olimpíadas do Rio de Janeiro foi para a judoca Rafaela Silva, que aproveitou o ensejo para celebrar seu amor à namorada. Demonstração de felicidade explícita passando em todas as TVs do mundo.

Além da atleta, cada vez mais famosos nas mais diversas áreas saem do armário, como a repórter esportiva Fernanda Gentil, o skatista Brian Anderson e o modelo Daniel Rodriguez, mister Espanha, que assumiu sua homossexualidade logo após ser coroado e justificou não ter contado antes porque ninguém perguntou.

Uma outra coisa maravilhosa nesse ano foi que nunca tivemos um ano com visibilidade trans tão grande. A discussão de gênero foi tema de paradas gays, de capas das principais mídias e produções para a TV e o cinema. Na última semana, foi capa da National Geografic com uma menina trans de 9 anos, coroando a beleza deste ano.

Além disso, tivemos o decreto que garantiu o uso do nome social na administração pública federal; a presença na abertura das Olimpíadas; o programa Transcidadania da prefeitura de São Paulo; a inclusão de mulheres trans e travestis na lei Maria da Penha; e o desfile do estilista Ronaldo Fraga no São Paulo Fashion Week.

Um último dado curioso sobre este ano é que nas eleições municipais, 102 candidatos se declaram trans, 101 gays, 29 lésbicas, 23 bis e 1 queer. Quer dizer, os e as trans estão com força total para mudar o rumo do mundo, inclusive na política.

Esse foi um ano duro, complicado e doloroso. E a gente levou vários tombos na política, na economia e na luta contra o preconceito. Mas 2017 vem aí, então só resta obedecer ao que diz a música: “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”!

Compartilhar notícia
Sair da versão mobile