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Justiça aceita nova denúncia e João de Deus vira réu pela segunda vez

Médium está preso desde o dia 16 de dezembro no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO) acusado de abusar sexualmente de mulheres

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
João de Deus
1 de 1 João de Deus - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A juíza da comarca de Abadiânia (GO), Rosângela Rodrigues Santos, recebeu, na tarde desta quarta-feira (16/1), a segunda denúncia oferecida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) contra João Teixeira de Faria, o João de Deus. O médium está preso em Aparecida de Goiânia (GO) desde o dia 16 de dezembro.

O MPGO ofereceu a denúncia na tarde de terça-feira (15). A nova acusação abrange o testemunho de 13 vítimas de Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e do Distrito Federal.

O médium responderá, novamente, pelos crimes de estupro de vulnerável e violência sexual mediante fraude. João de Deus virou réu pela primeira vez no dia 9 de janeiro.

Cinco casos estão prescritos, mas as mulheres farão parte do processo como testemunhas a fim de reforçarem a forma de agir do médium. Segundo os promotores, em entrevista coletiva realizada na manhã de terça-feira, os casos aconteceram entre 1990 e 2018, quando as vítimas tinham entre 8 e 47 anos. Das cinco denúncias por crimes com validade judicial, quatro são de Goiás e uma de São Paulo.

Na peça acusatória do Ministério Público foi apresentado, também, um novo pedido de prisão contra João de Deus. A medida, segundo os promotores, visa preservar a integridade física e psicológica das vítimas, bem como evitar qualquer tipo de intimidação e represália, inclusive espiritual. Entre as provas juntadas, estão relatos, testemunhos, fotos, documentos, presentes e comprovantes de recebimento em espécie de benesses.

Até 10 de janeiro, o MPGO recebeu 688 contatos, tendo sido identificadas mais de 300 vítimas do médium. Em geral, as mulheres disseram ter sido molestadas, e até estupradas, ao se submeterem a tratamento espiritual com João de Deus. Uma ativista também acusou o médium de participar de um esquema de tráfico internacional de mulheres e crianças.

“O trabalho da força-tarefa não se encerrou, temos uma série de relatos instruídos e oitivas já agendadas. Separamos os depoimentos em blocos e estamos analisando caso a caso aqueles que precisam de provas adicionais, mesmo nas ocorrências em que os crimes já estejam prescritos”, afirmou o coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal, Luciano Meireles.

Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país. Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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