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Feminicídio: policial civil mata servidora na Secretaria de Educação

Após discussão, agente Sérgio Murilo dos Santos deu um tiro na professora Débora Tereza Correia. Ambos morreram no local

atualizado

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Reprodução/Redes Sociais
Sérgio Murilo feminicídio
1 de 1 Sérgio Murilo feminicídio - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um crime bárbaro chocou os servidores que trabalham na Sede II da Secretaria de Educação, na manhã desta segunda-feira (20/05/2019). Por volta das 10h, um homem armado entrou no edifício Bittar III, na 511 Norte, e atirou na funcionária da pasta, identificada como Débora Tereza Correia, 43 anos. Após o crime, ele tirou a própria vida. O caso é tratado pelos investigadores como feminicídio seguido de suicídio.

O acusado é o agente de Polícia Civil do DF Sérgio Murilo dos Santos, 51. Ele se identificou na portaria, entrou no prédio e, em seguida, o casal começou a discutir. O homem deu um tiro no rosto da vítima e depois se matou com um disparo na boca.

Sérgio e Débora tiveram um relacionamento. Mas, segundo o delegado delegado Laércio Rosseto, chefe da 2ª DP (Asa Norte), o policial estava casado com outra pessoa. Conforme levantamento feito pelo Metrópoles, ele foi condenado em novembro do ano passado pela Lei da Maria da Penha.

 

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A informação sobre o crime foi confirmada pelo secretário de Educação, Rafael Parente. Por meio do Twitter, o chefe da pasta informou que cancelou a agenda de compromisso e seguiu para o local. Todas as atividades do prédio da Asa Norte foram suspensas.

O Corpo de Bombeiros disse ter sido acionado, mas quando chegou ao local as duas pessoas estavam sem vida. A vítima é servidora da Subsecretaria de Gestão de Pessoas, na diretoria de cadastro da pasta. De acordo com testemunhas, foram feitos pelo menos quatro disparos.

O crime ocorreu no terceiro andar do prédio. Houve pânico e correria no momento em que o policial fez os disparos. “Eles discutiram no corredor em frente à sala dela, momento que ela se agachou e ele atirou na professora”, ressaltou o secretário Rafael Parente.

Uma testemunha que não quis de identificar disse que estava no 2º andar do prédio quando ouviu o barulho dos tiros. “A cena era de terror. Ninguém sabia o que havia ocorrido. Houve muita gritaria e pessoas passaram mal. Estamos aqui há uma semana. Uma tragédia”, afirmou.

Os servidores estão muito abalados. Muitos passaram mal e tiveram de ser atendidos pelos Bombeiros. “Confirmado que foi um caso de feminicídio. O assassino foi namorado da professora. Faremos tudo para amparar a família e os colegas. Todos terão apoio psicológico”, assinalou o secretário.

“Eu trabalhava com ela (Débora) e estou chocada. Não sabíamos muito da vida pessoal dela, mas acreditamos que estava separada”, disse outra pessoa que trabalha no mesmo prédio. Débora era servidora da Secretaria de Educação Débora desde 2001. Trabalhou como professora, mas no momento não estava em sala de aula.

De acordo com o delegado Rosseto, os disparos foram feitos de uma arma calibre .40. “Já haviam outras ocorrências registradas da vítima contra o autor, mas não temos conhecimento se havia medida protetiva”, destacou o investigador.

A polícia faz varredura no prédio para ver se imagens do circuito de câmeras de segurança flagraram o criminoso entrando no edifício e cometendo o crime. O caso será entregue à Corregedoria da PCDF.

Há, segundo o delegado, pelo menos duas ocorrências contra Sérgio. Uma registrada em 2017, outra em 2018, por ameaça e perturbação da tranquilidade. Uma delas feita na Delegacia de Mulher (Deam).

“Estamos muito tristes.  A nossa nova sede foi inaugurada há uma semana. Estou em choque com a situação. Na primeira semana, ocorre esse assassinato. Agora queremos trabalhar para que as pessoas se sintam seguras aqui. Para que isso não continue acontecendo nos órgãos”, assinalou outra testemunha.

No prédio, há câmeras de segurança, mas não detector de metais. Em março deste ano, um professor de violino da Escola de Música de Brasília (EMB) invadiu a sede da Secretaria de Educação, no Setor Bancário Norte. Ele estava armado com uma faca e uma besta (espécie de arco e flecha), mesmo equipamento utilizado pelos atiradores do massacre da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP). Além disso, ele tinha cinco setas dentro da mochila.

O homem subiu até o 12º andar do prédio, localizado no Bloco C da Quadra 2, no Setor Bancário Norte. No pavimento, funciona o gabinete do secretário de Educação, Rafael Parente. O chefe da pasta não estava no momento, pois tinha ido ao Palácio do Buriti para se reunir com o vice-governador do DF, Paco Britto. O professor acabou preso e depois foi internado em um hospital psiquiátrico.

Nota da PCDF
Em nota, a PCDF confirmou o envolvimento de um servidor da corporação no feminicídio seguido de suicídio. “A instituição lamenta profundamente o episódio. As circunstâncias estão sendo apuradas e, posteriormente, traremos mais detalhes”, destacou.

Em agenda pública nesta segunda, o governador Ibaneis Rocha (MDB) assumiu o compromisso de lançar uma campanha de conscientização para combater a violência contra a mulher. Segundo o emedebista, as vítimas de agressões e ameaças, familiares e amigos precisam denunciar os agressores com mais velocidade para as autoridades.

“Eu fico realmente muito entristecido com essa situação. A polícia está apurando. É um crime bárbaro, cruel. Nós estamos fazendo todos os esforços. Mas infelizmente, nós vamos ter que fazer muitas campanhas de esclarecimento, para que nós tenhamos não só as mulheres fazendo as denúncias, se protegendo, mas também os vizinhos e os familiares”, disse o emedebista.

Casos de feminicídio
Apenas neste ano, 13 mulheres foram vítimas de feminicídio no DF. Em maio, a PCDF computou quatro casos. O penúltimo deles ocorreu na terça-feira (14/05/2019), em Taguatinga.

Henrique Farley Carneiro de Almeida, 36 anos, matou a companheira a facadas e jogou o corpo dela em uma tubulação de esgoto, na chácara Santa Luzia. Maria de Jesus do Nascimento Lima, 29, foi encontrada após a polícia receber denúncias sobre a existência de um corpo no local.

Na casa da vítima, os investigadores da 21ª Delegacia de Polícia encontraram a frase “Culpado. Foi ele quem me matou” escrita na parede, de caneta esferográfica azul.

Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileira.

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