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Educação reforça segurança em prédio onde professora foi morta no DF

De acordo com secretário Rafael Parente, as regionais e sedes da pasta também terão reforço na segurança

atualizado

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JP Rodrigues/Metrópoles
Edificio Bittar III
1 de 1 Edificio Bittar III - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

Após o policial civil Sérgio Murilo dos Santos, 51 anos, entrar na Sede II da Secretaria de Educação, na 511 Norte, matar a tiros a professora Debora Tereza Correa, 43, e tirar a própria vida, as unidades administrativas da pasta terão reforço na segurança. De acordo com o secretário Rafael Parente, cada uma passará a contar com um vigilante.

Nesta quarta-feira (22/05/2019), já estão dois no Edifício Bittar III. “Eles farão revistas em sacolas e bolsas. Estamos vendo ainda se conseguimos detector de metais portáteis. Na próxima segunda-feira (27/05/2019), vamos lançar o programa Educação pela Paz”, ressaltou o secretário.

De acordo com Parente, a pasta adotará posteriormente um sistema de agendamento para atender as pessoas que precisarem ir pessoalmente a qualquer um dos setores da secretaria. “Outra medida a ser adotada em breve será o sistema de adesivos de identificação coloridos, evitando que pessoas autorizadas a entrar em um determinado setor circulem em outro sem a devida autorização”, informou, por meio de nota.

Embora um vigilante reforce a segurança no sede da secretaria na Asa Norte, não está sendo feita revista nos visitantes. “Já havia um deles aqui. Não sabemos se ele ficava armado. O que conseguimos identificar depois do crime é que, agora, estamos com um reforço. Ontem (terça-feira), haviam dois brigadistas também”, comentou uma funcionária do prédio.

Segundo a mulher que não quis se identificar, há ainda a promessa de um detector de metais portátil para identificar objetos. “Tivemos a notícia de que seria implementado, mas ainda não estão usando. Acredito que não tenha dado tempo para a Secretaria adquirir. Esperamos que a iniciativa nos traga um pouco mais de segurança”, complementou.

Outro servidor do edifício acredita que a presença dos vigilantes intimide possíveis novas ações. “Acho que intimida, torna difícil, mas não impede. É muito difícil opinar nesse caso já que o autor da tragédia, era um policial civil. Ele tem o porte da arma. Caso ele deixasse na recepção e entrasse desarmado, quem ficaria responsável pelo revólver dele?”, questionou.

Protesto
Nessa terça-feira (21/5/2019), um dia depois de ocorrer a tragédia, servidoras da secretaria fizeram uma manifestação em frente ao prédio. Deborah Von trabalha no primeiro andar do Edifício Bittar III. “Vir pra cá foi uma batalha hoje. Independentemente da proximidade que tínhamos com a Debora, nos colocamos no lugar dela. Nós temos medo porque não há um controle muito grande no nosso local de trabalho. Sem detector de metais, acreditamos que essa segurança seja falha”, disse.

Durante o protesto, as servidoras gritaram: “Vidas sim, armas não”. “Parem de nos matar”, dizia outro cartaz. As funcionárias da pasta chegaram a interditar a W3 Norte, mas depois liberaram a pista.

O crime ocorreu por volta das 10h de segunda-feira (20/05/2019). O agente de Polícia Civil Sérgio Murilo dos Santos, 51, com que Debora teve um relacionamento, chegou ao edifício, se identificou e foi direto para o terceiro andar, onde a professora trabalhava. Câmeras de segurança gravaram o momento, conforme revelou o Metrópoles nessa segunda-feira (20/05/2019).

Armado com uma pistola calibre .40, Sérgio Murilo dos Santos se identificou na portaria como policial, entrou sem dificuldade. No terceiro andar, chamou Debora no corredor. Eles tiveram uma breve discussão. Em seguida, o policial disparou três tiros contra a servidora e, em seguida, tirou a própria vida.

Flávia Rodrigues, 46, é servidora da pasta e trabalhou por 15 anos na Subsecretaria de Gestão de Pessoas, mesmo setor onde Debora estava atualmente. “Recebi áudios dos amigos que estavam na hora do crime. Um dos colegas disse pensar que ela ainda estava viva. Relataram que ouviram o estampido e se jogaram debaixo das mesas. Nós mulheres não nos sentimos seguras em lugar nenhum. A cultura do ódio está sendo incentivada. Isso não pode ser tratado como normal”, ressaltou.

“Acreditamos que toda a pasta deveria ter ficado de luto. Questionamos qual é o valor de uma mulher, servidora da nossa Educação. O que ocorreu aqui foi um crime. Nós não podemos tornar essa situação natural”, disse a coordenadora da Secretaria da Mulher do Sinpro-DF, Vilmara Pereira do Carmo.

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Ainda segundo Vilmara, a categoria pretende pedir uma audiência com o governador Ibaneis Rocha (MDB). “Cadê o projeto de combate a violência contra a mulher? A nossa rede de proteção é falha e o resultado disso aparece diariamente nos noticiários. Não podemos aceitar que isso continue acontecendo”, destacou.

Debora é a 13ª vítima de feminicídio no DF somente este ano no Distrito Federal. Em 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileira.

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