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Met, em Nova York, anuncia cobrança de ingresso e causa indignação

Os visitantes terão que desembolsar U$ 25 a partir de março para acessarem o museu

atualizado

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Reclamar faz parte do DNA nova-iorquino. A metrópole americana mais associada à irritabilidade de seus habitantes chegou a ter um partido chamado “O Aluguel é Desgraçado de Caro”, cujo irascível fundador, Jimmy McMillan, concorreu como candidato a prefeito e a governador, na década passada.

Estar ou morar em Nova York custa caro, como sabem os estimados 800 mil turistas brasileiros que aportaram por lá em 2017. Assim, não causou surpresa a reação indignada com o anúncio do Museu Metropolitan sobre a cobrança de ingresso, a partir de 1º de março.

O MoMA, o Whitney e o Guggenheim cobram entre US$ 22 e US$ 25 pela entrada de adultos, mas o visitante do Metropolitan tinha, desde a década de 1970, o direito a entrar de graça. Este fato vai surpreender muitos dos que fizeram fila nos guichês do museu da 5ª Avenida e não prestaram atenção ao aviso de “sugerido”, acima dos preços.

Até 2016, o aviso dizia, em letras minúsculas, que o preço era “recomendado”, o que escapava especialmente a turistas estrangeiros. Um grupo de viajantes moveu uma ação contra o museu por confundir os visitantes, perdeu, mas obteve a mudança dos avisos. O acesso grátis foi estipulado em 1878, porque o Met ocupa de graça um terreno que pertence à cidade. O contrato de aluguel foi modificado, em 2013, com a previsão de que, “se necessário”, haveria cobrança de ingresso, desde que aprovada pela cidade.

A repercussão do processo e a mudança no aviso dos guichês pesou na bilheteria do museu mais popular de Nova York e um dos mais visitados no mundo. Em 2004, 63% dos visitantes do Met pagaram o preço máximo “recomendado”. Em 2017, só 17% pagaram o “sugerido”, de US$ 25. A cidade, dona do terreno no Central Park, e que subsidia 9% do orçamento operacional de US$ 305 milhões por ano, aprovou a cobrança, em troca de diminuir o subsídio. A partir do dia 1º de março, o ingresso vai custar, para não residentes no Estado de Nova York, US$ 25 para adultos, US$ 17 para idosos e US$ 12 para estudantes. Crianças de menos de 12 anos entram de graça.

A direção do museu estima que os pagantes serão 30% dos visitantes e vão gerar uma receita calculada entre US$ 6 e US$ 11 milhões. O museu opera, além do prédio principal na 5.ª Avenida, o Met Breuer, no antigo prédio do Museu Whitney, na Avenida Madison, e o Cloisters, especializado em arte medieval europeia, que fica no parque Fort Tryon, na ponta norte da ilha de Manhattan. Os três locais receberam mais de 7 milhões de visitantes em 2017.

A reação negativa à decisão de cobrar ingresso partiu de influentes críticos de arte em Nova York. Roberta Smith e Holland Cotter, do New York Times, foram os primeiros. Cotter lembrou que o Met gastou, recentemente, US$ 65 milhões em fontes inscritas com nomes de doadores, um projeto de renovação não bem recebido entre críticos. Alexandra Schwartz, da revista New Yorker, disse que a cobrança de ingresso “diminui a cidade de Nova York”, porque o Met não pode se comparar aos outros museus na extensão e âmbito da coleção e conta, desde o século 19, com o apoio dos contribuintes nova-iorquinos.

No começo de 2017, o museu perdeu seu presidente, Thomas Campbell, em meio a rumores de comportamento indevido e má-gestão. Campbell havia deixado um déficit anual de quase US$ 40 milhões. Mas as finanças da instituição melhoraram e o prejuízo deve ser superado até 2020.

Um ponto comum das críticas foi o método para isentar os residentes do Estado. Não existe carteira de identidade federal nos Estados Unidos e a identidade comumente aceita é a carteira de motorista. O museu diz que vai aceitar também alguma conta como a de luz ou telefone como prova de residência. E os imigrantes sem documentos? Será que vão ser afugentados do Met?

Na quinta-feira (11/1), o museu recebeu suas multidões habituais, atraídas neste inverno por duas das mais importantes exposições em cartaz na cidade. Apesar do sucesso, a sublime mostra “Michelangelo: Desenhista Divino”, não vai ser prorrogada além de 12 de fevereiro. A retrospectiva do pintor britânico David Hockney vai até o dia 23 de fevereiro.

 

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