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Psicóloga ensina como convencer pais a não furar o isolamento social

Diálogo aberto permanece como melhor medida a quem tem pais “teimosos” e que insistem em sair de casa

atualizado

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1 de 1 Brasilienses-descumprem-o-isolamento-social-e-aproveitam-o-feriado-no-Lago-sul-jovens-bebendo - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A medida mais eficaz para conter a pandemia de coronavírus é ficar em casa. Ainda assim, muitas pessoas seguem relutantes em aceitar a quarentena e, sempre que possível, furam o isolamento social. A preocupação redobra quando o problema vem de casa, quando são os pais os “teimosos” que se expõem, em saídas desnecessárias, à temida doença viral.

Em um movimento controverso, muitos jovens e adultos têm relatado problema de relacionamento porque os patriarcas, outrora responsáveis pelos cuidados com a família, se mostram indispostos a compreender a nova realidade. A desobediência mudou de lado e, agora, atinge pessoas mais velhas.

Nesses casos, há quem apele e alerte para o preocupante número de mortos e, até, quem decida cortar relações para evitar o bate-boca com quem, no passado, foi responsável pelo seu “ir e vir”. Em ambos os casos, um diálogo aberto prossegue como a solução mais indolor e eficiente.

A primeira atitude deve ser o entendimento de que se trata de um processo contínuo. “Exige-se uma abordagem diária, e que a família esteja à disposição para atender às vontades emocionais desses pais”, ensina Caroline Salles, doutora em psicologia da saúde pela UnB e docente de ensino superior.

Segundo ela, é necessário perceber que esse ímpeto em furar a quarentena pode ser motivado por várias questões, como as identificações afetivas que eles têm na convivência social. “O que eles realmente gostam de fazer e o que querem encontrar quando saem de casa?”, indaga a especialista.

“Podem, ainda, haver aspectos cognitivos, como a perda de atividade neurológica, que acabam fazendo com que idosos, em especial, queiram sair de casa. Pedir para um idoso abrir mão da vida social talvez seja tão impactante quanto pedir para um adolescente parar de usar rede social, por exemplo. Para muito deles, é a principal fonte de convivência e de vida”, emenda.

Na prática, Caroline dá algumas dicas gerais:

  • Em casa, tente construir atividades individuais e coletivas em que seu pai e/ou mãe realmente tenham prazer e capacidade de realização, que guardem uma relação de identidade e subjetividade;
  • Negocie qual momento do dia a familia estará disponível para atender às carências e necessidades dos pais;
  • Elenque as vantagens e desvantagens de sair e de ficar em casa;
  • Combine momentos juntos em família, como sentar à mesa para fazer as refeições, ou mesmo ligações diárias via app de vídeos, comuns em tempos de home office;
  • Reforce que o isolamento é necessário, mas não culpabilize qualquer que seja a pessoa da família. Em termos emocionais, temos um processo de percepção que não é tão rápido quanto a cognição. “Muitos entendem, mas não aceitam a pandemia”, diz a psicóloga.
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Negação

Para o psiquiatra Luan Marques, o não cumprimento do isolamento também pode ser explicado pelo viés psicológico. Em entrevista ao Metrópoles, ele explicou que muitas pessoas estão passando, atualmente, pela fase da negação. Nesse grupo, é normal atitudes como defender que notícias verídicas são fake ou desacreditar no número de vítimas ou mortos por Covid-19, que segue em curva crescente.

“A reação emocional mais comum frente ao novo ou desconhecido é a negação, que aconteceu enquanto o vírus estava em países Europeus e China. Observamos, naquele período inicial do primeiro decreto, um movimento de dúvida e desconfiança de quanto as medidas eram necessárias ou se não eram um exagero. Após o aumento de casos, um medo real tomou conta, o que facilitou o cumprimento das medidas de isolamento social”, explicou Luan, professor colaborador da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB).

Ansiedade

Outra questão importante a se levar em conta é a ansiedade. Em 2019, o Brasil foi apontado pela Organização Mundial da Saúde como o país mais ansioso do mundo. Esse sentimento relaciona-se a medos de incertezas e, de acordo com o especialista, “pode contribuir para uma maior desconfiança das medidas mais rígidas e facilitar seu descumprimento.”

Independemente do perfil, ele orienta, a quem ainda cogita furar o isolamento sem necessidade, fugir de atitudes impulsivas. É hora de agir com maturidade.

 

 

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