Alguns têm rostos sorridentes, outros mais sérios, mas todos trazem histórias trágicas e de busca por uma nova vida. São pessoas que saíram dos seus países por perseguições políticas, ameaças e porque era impossível viver. Elas carregam um título que traz preconceito e dificulta a entrada no mercado de trabalho: refugiado. Para ajudar esses indivíduos a conseguir uma segunda chance, nasceu o projeto Estou Refugiado.
São 1.200 refugiados cadastrados de 12 países e 450 contratados. A proposta é mostrar os currículos dessas pessoas no Brasil para colocá-los no mercado de trabalho e quebrar o estigma do que é ser um expatriado. O lema do projeto é Estou Refugiado: o Preconceito Acaba Quando a Compreensão Começa.
Além de usar as redes sociais para divulgar currículos, a equipe realizou experimentos sociais, ações de financiamento coletivo e instalou Máquinas de Currículos para divulgar o trabalho em locais públicos. Hoje, também conta com um brechó on-line para arrecadar mais fundos e auxiliar os estrangeiros que vivem em condições precárias.
O experimento social foi feito no Tinder para medir o nível de preconceito. Criaram dois perfis com descrições diferentes, mas com o mesmo rosto. Um dizia: estrangeiro com formação superior, radicado no Brasil, interessado em conhecer brasileiras. O outro trocava a palavra estrangeiro por refugiado. Veja o resultado no vídeo abaixo:
Além do experimento, realizaram um projeto de arrecadação para bilhetes de ônibus, já que muitos refugiados não conseguiam ir até os locais das entrevistas de emprego. Por fim, realizam a Máquina de Currículos. Instalada em instituições, como museus e escolas, apresenta os diversos currículos e mensagens contra o preconceito.
Veja abaixo algumas histórias publicadas pelo Estou Refugiado:
Anthonie
"Em 2014, Anthonie foi forçada a sair do Congo por ser advogada e trabalhar num escritório defensor dos direitos humanos. O prefeito de sua cidade a ameaçou, tornando a situação insustentável. Hoje, no Brasil, apesar da dificuldade de validar seu diploma, Anthonie tenta ocupações paralegais, que não exigem graduação"
Divulgação Instagram/ Rafa Yamamoto
Grace
"Grace é congolesa, natural de Kinshasa, capital do Congo. Solteira, chegou ao Brasil em abril de 2017 junto com sua irmã. Saiu de seu país pois trabalhava em uma ONG que defendia os direitos das mulheres congolesas. Quando ameaças da milícia contra ela e sua família começaram, Grace se viu obrigada a fugir para o Quênia, onde ficou por dois meses. Mas, devido a dificuldades, ela e a irmã seguiram para o Kuwait, onde permaneceram por cinco meses, antes de virem para o Brasil"
Divulgação/ Instagram
Jipse
"Jipse é uma mulher, como ela sempre fala, guerreira. Viu seu marido ser obrigado a fugir do Congo por frequentar a igreja de um pastor opositor ao governo. Assim que o seu companheiro saiu do país, as ameaças começaram a chegar nela. Jipse foi sequestrada e espancada pelos militares, causando a perda do filho, ainda dentro de sua barriga. Após ser libertada, um marinheiro a colocou num navio, sem ela saber o destino. Jipse, junto com suas duas filhas, ficaram por volta de um mês no escuro até chegarem em Santos. Desde 2014 no Brasil, Jipse procura uma oportunidade de emprego para dar uma vida melhor para seus filhos"
Divulgação/ Instagram
Marnie - estou refugiado
"Mamie chegou ao Brasil há dois anos, fugida da República Democrática do Congo, porque seu marido, que trabalhava em uma ONG, denunciou o extermínio de adolescentes traficantes de drogas. Desde sua chegada, seu sonho é retomar a atividade de cinegrafista. Está fazendo estágio na Plano Digital para se atualizar em relação às novas tecnologias de vídeo"
Divulgação/ Instagram
Shimena
"Shimena, como é chamada carinhosamente, é casada há sete anos e tem duas filhas, de 10 e 3 anos. Chegou ao Brasil em 2016, com a família, por conta de perseguição política. Seu sogro fazia parte de movimento político em Angola, culminando em ameaça de morte aos familiares.
Seus pais e irmãos continuam na África, ambos são vendedores ambulantes na fronteira de Angola com o Congo"
Divulgação/ Instagram
Yasmine
"Yasmine, quando ainda no Congo, trabalhava na ONG fundada por seu pai. Os dois lutavam por condições melhores de vida para as crianças congolesas. Infelizmente, por causa de seu emprego, foi ameaçada de morte e teve que fugir de seu país. Está no Brasil há um ano e busca trabalho. Ela se formou em gestão de informática, embora esteja disposta a encarar outros desafios"
Divulgação/ Instagram
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