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Na África, grupo de leoas ganha juba e se comporta como leões

Cientistas em Botsuana detectam uma mudança física e de comportamento em várias fêmeas, que rugem como machos, marcam o território e montam em outras fêmeas

atualizado

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Reprodução/New Scientist
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1 de 1 female-5-photo-credit-jessica-vitale - Foto: Reprodução/New Scientist

Em 2010, Grant Atkinson, guia de safáris fotográficos da reserva Moremi, em Botsuana, fez uma descoberta que mudou o rumo dos estudos sobre leões. Ele descreveu o comportamento de dois machos, até que percebeu que tratavam-se, na verdade, de duas fêmeas.

Foram detectadas então cinco fêmeas com comportamento incomum à espécie. Elas têm juba, rugem, montam umas nas outras, marcam território e não são capazes de se reproduzir. Uma das leoas estudadas foi batizada de SaF05, um nome que lembra o da poetisa grega Safo de Lesbos, símbolo do lesbianismo. Após sua captura, a felina foi estudada pela Sociedade Zoológica de Londres, que afirmou tratar-se de um caso incomum de excesso de testosterona nos animais.

Reprodução/New Scientist

“[A felina capturada] Tem genitais femininos completos e intactos, sem nenhuma evidência de pseudopênis nem nada que sugira ser hermafrodita. Seus lábios e o clitóris são relativamente grandes em comparação com os de uma fêmea normal”, explicou Simon Dures, da Sociedade Zoológica de Londres, em seu blog.

Na segunda-feira (26/9), a revista New Scientist detalhou a provável causa do fenômeno. Os machos castrados produzem menos hormônio masculino e sua cabeleira desaparece. Em contrapartida, análises veterinárias determinaram uma anomalia nos ovários de algumas felinas em que encontravam-se altos níveis de testosterona. Quando tiveram os ovários retirados, as leoas voltaram a apresentar aspectos femininos.

“Embora algumas leoas com cabeleiras tenham sido vistas cruzando, nenhuma delas engravidou, o que sugere que são estéreis, um efeito conhecido da presença de altos níveis de androgênios, como a testosterona, nas fêmeas”, explica à New Scientist a pesquisadora Kathleen Alexander, especialista em fauna selvagem da Universidade Estadual da Virgínia (EUA).

A disfunção, considerada como uma anomalia genética, foi analisada como um possível problema, já que dos 200 mil leões existentes na África há um século, restam somente 20 mil. Os pesquisadores, entretanto, descartam a possibilidade da expansão da anomalia. A espécie está na Lista Vermelha da União Internacional pela Preservação da Natureza como possível extinção.

 

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