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Feliz que a mãe morreu: conheça infância abusiva de atriz de iCarly

Jennette McCurdy viveu até os 17 anos o que ela descreve como “caos” e “inferno”. História da antiga Sam Pucket virou autobiografia

atualizado

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Reprodução/Nickelodeon
Fotografia colorida de mulher loira com blusa quadriculada azul
1 de 1 Fotografia colorida de mulher loira com blusa quadriculada azul - Foto: Reprodução/Nickelodeon

Jennette McCurdy está aliviada em não ter a mãe por perto. Antiga Sam Pucket em iCarly, a atriz já falou abertamente sobre a infância traumática diversas vezes. Na nova autobiografia, Estou Feliz Que Minha Mãe Morreu, a famosa promete contar com detalhes o histórico de abusos psicológicos que vivenciou ao lado da mãe, Debra McCurdy, que a obrigava a trabalhar desde os 6 anos.

O título do livro pode chocar, mas não chega nem perto de tudo o que Debra teria feito Jennette passar. Em entrevista ao portal internacional People, a estrela lembrou do “intenso” abuso físico e emocional sofrido pela mãe, que morreu de câncer em 2013.

A estrela deu início à carreira artística com apenas 6 anos, e, segundo ela, contra a própria vontade. “Minhas primeiras lembranças da infância eram de peso e caos”, contou.

“Minha mãe sempre sonhou em ser uma atriz famosa e ficou obcecada em me tornar uma estrela”, expôs McCurdy. Ser obrigada a fazer clareamento dental aos 10 anos é apenas um dos exemplos contados pela artista.

Ela compara viver com Debra como andar “na corda bamba” todos os dias. A alteração constante de humor da responsável fazia com que Jennette trabalhasse para manter a paz em casa. Ela queria, sobretudo, fazer a mãe feliz.

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Aos 11, a jovem já contava as calorias do prato, hábito ensinado pela mãe. Com a restrição de alimentos, Jennette estreou iCarly aos 14 anos anorexa. A doença evoluiu para bulimia alguns anos depois.

“Eu sei que se minha mãe estivesse viva, eu ainda teria um transtorno alimentar”, afirmou a atriz à People. “Foi apenas a distância dela que me permitiu ficar saudável”, completou. A recuperação só veio em 2018, com terapia intensa.

A atriz contou, em outros momentos, sobre outros hábitos controladores da mãe, como não a deixar tomar banho sozinha ou obrigá-la a passar por exames vaginais constantes. “Era infernal.”

Foi só após a morte de Debra que a artista experimentou álcool pela primeira vez — o que, mais tarde, virou uma dependência. Segundo a artista, ela não sabia como encontrar a identidade sem a mãe. Hoje, após anos de terapia e esforço, ela conseguiu vencer o vício. Mas a luta com os traumas é constante.

O abuso pode estar por perto

“Se vemos uma criança acuada, que dá sinais de medo, que não se expressa, demasiado retraída ou mesmo uma criança que mude abruptamente seu padrão de comportamento é importante abrir os olhos para as relações a sua volta”, alerta a psicóloga Julia Salvagni, do Conselho Regional de Psicologia do DF (CRP-DF). O ideal, nestes casos, é procurar ajuda profissional.

A especialista vê o abuso psicológico como uma experiência traumática, mas reversível. “Há muito que pode ser feito para que a criança/adolescente se desenvolva plenamente e elabore essa vivência. Quando se observa que uma criança é vítima de algum tipo de abuso (inclusive psicológico) é imprescindível que se acessem profissionais do sistema de garantia de direitos da criança e da adolescência para que as intervenções necessárias sejam feitas.”

O profissional auxilia tanto no sentido de orientar a família quanto na prestação de suporte psicológico à criança. É importante, também, que a criança seja acompanhada por um terapeuta ao longo dos anos. Assim como no caso da Jennette, há episódios em que a vítima fica traumatizada mesmo após a vida adulta.

“Um situação de abuso psicológico prolongada pode causar marcas intensas na vida do sujeito e interferir no desenvolvimento de recursos pessoais que garantam uma vida adulta autônoma e independente”, explica Salvagni.

Reconhecer o abuso de responsáveis próximos a nós não é fácil, ainda mais quando se trata de criança. “Nem sempre a criança vai saber dizer o que está acontecendo ou motivo de ela estar assim”, reforça a psicóloga Laura Ostwald.

“Precisamos lembrar que crianças são seres indefesos. Os pais são os responsáveis legais por ela (na maioria dos casos), mas a sociedade também é responsável pela formação dessa criança e a nossa função é protege-las”, afirma Ostwald.

Aos pais, Salvagni lembra que os pequenos precisam ser ensinados e respeitados, e não controlados. “Crianças e adolescentes precisam tanto ser protegidos e ensinados sobre regras, como ter espaço para explorar seu protagonismo, criatividade e independência”, diz.

Já Ostwald destaca que as crianças precisam ser mais vistas como “pessoas” e não, segundo ela, ser “anuladas”. “Quando a gente anula as crianças, não abrimos espaço para que elas descubram o mundo, para que se sintam capazes de fazer as coisas, aprender e se desenvolver.”

(*) Karolini Bandeira é estagiária do Programa Mentor e está sob supervisão da editora Maria Eugênia

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