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Boicote à pílula anticoncepcional chega às academias

Mulheres que praticam musculação acreditam que o método contraceptivo atrapalha a hipertrofia e a perda de gordura. Especialistas comentam

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Giovanna Bembom/Metrópoles
Brasília (DF), /00/2017 – – Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles
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A pílula anticoncepcional entrou no mercado em 1960, representando verdadeira revolução sexual, autonomia sobre o próprio corpo e liberdade de escolha para as mulheres do mundo ocidental. Apesar de ter evoluído com o passar das décadas, o medicamento é rodeado por polêmicas. A mais recente acredita que o uso do método contraceptivo tem influência direta no desempenho das mulheres na academia, prejudicando o ganho de massa magra, hipertrofia, perda de gordura e emagrecimento.

A influenciadora digital do meio fitness e modelo, Bruna Corrêa, 26 anos, levantou a discussão em sua conta no Instagram há duas semanas e, desde então, tem recebido mensagens de várias mulheres do país que se identificaram com ela. Para Bruna, o assunto já é muito falado nas academias, mas as pessoas evitam trazer o tema à luz para não influenciar outras mulheres a tomarem decisões sem acompanhamento médico.

“É complicado incentivar mulheres e meninas a não fazerem o uso, pois também existe uma responsabilidade grande por outro lado, que é evitar a gravidez”, revela. “Mas não adianta treinar para caramba, tomar Whey Protein e se alimentar direito, se a gente toma a pílula. Isso atrapalha muito uma pessoa na busca por um ‘corpo de academia'”.

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Ainda sobre o meu maior vilão chamado “ANTICONCEPCIONAL”, sim, já saíram algumas matérias falando e eu já expus para vocês que o que atrapalhou o meu plano e objetivo foi ele, o anticoncepcional. Em qualquer site, uma pequena pesquisa no google ou até mesmo na bula deste medicamento fica bem claro seus malefícios ; distúrbios gastrointestinais, distúrbios imunológicos, alterações de peso, retenção de líquido, cefaleia, enxaquecas, alterações no humor e na libido e tudo mais que viesse de contraponto ao que eu buscava. Sendo que eu detesto menstruar e também não quero uma gravidez indesejada, porém, estou colhendo os frutos da escolha que eu fiz, tomei uma bomba de injeção anticoncepcional puro hormônios que me deixaram pesada, inchada, cansada, com sono.. não vejo a hora destes 3 meses acabarem para isto sair logo do meu organismo pq realmente está dificultando tudo ! Meu desempenho, meu plano, meu foco, meu apetite.. enfim, se tem um conselho que eu posso dar para as meninas que buscam um shape “bacana”, USEM OUTRO MÉTODO CONTRACEPTIVO QUE NÃO SEJA UMA BOMBA DE HORMÔNIO NO CORPO DE VOCÊS. Por exemplo: camisinha Ever ou o famoso DIU de cobre. Mas pílula anticoncepcional só faz mal e atrapalha. Menstruar é ruim, é um saco, é um perrengue, ainda mais para quem faz fotos o tempo todo, treina diariamente e tem uma rotina bem ativa, mas colher os frutos dessa escolha errada que eu fiz não está sendo nada bom. E olha que todos os profissionais que trabalham comigo e me ajudam a cuidar do meu corpo me criticaram e me avisaram. Então por favor, NÃO FAÇAM O QUE EU FIZ !!! ?????‍♀️? #fitnessgirl #fitnessmotivation #blogueirafitness #dicadeblogueira #healthylifestyle #anticoncepcional #anticoncepcionalnuncamais #pilulaanticoncepcional #hormonios #hormoniodocrescimento #hormoniosregulados #shapeemconstrucao #shape #vidasaudavel #acabecomoquetefazmal

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Bruna lembra que interrompeu o uso do anticoncepcional no último verão por uma questão de saúde e logo percebeu melhora no desempenho dos treinos e resultados na forma física. “Muitas mulheres relatam que pílula as deixam mais cansadas, preguiçosas e inchadas”, acredita.

A modelo faz acompanhamento com um grupo de profissionais – ginecologista, nutricionista, endocrinologista e personal trainer – desde dezembro, em Porto Alegre. Desde então, ela fica monitora os níveis hormonais com exames de sangue. Há dois meses, ela decidiu interromper a menstruação novamente com a injeção anticoncepcional trimestral, sem orientação médica. “Foi como uma bomba. Fiquei muito inchada!”, lembra.

Prós X Contras
A nutricionista funcional e oncológica da Aliança Instituto de Oncologia Michelle Mendes explica que a testosterona e o estradiol são fundamentais no processo de lipólise, a queima da gordura. “Como o anticoncepcional acaba prejudicando o fluxo dessas duas substâncias no organismo, a pílula e os efeitos dela podem atrapalhar o processo de emagrecimento”.

Segundo ela, o uso do anticoncepcional sempre foi bastante questionado por mulheres que buscam qualidade de vida e saúde.

A ginecologista Juliana Dytz, da Aliança Instituto de Oncologia, avalia que o uso do anticoncepcional aumenta a produção do hormônio sexual SHBG – globulina produzida no fígado ligada aos hormônios –, provocando a redução da testosterona livre, refletindo diretamente na dificuldade para ganhar músculos e perder gordura.

Juliana alerta, no entanto, que o assunto deve ser levado a sério, considerando os prós e contras de abolir o uso do método contraceptivo em busca do corpo ideal. “Estamos falando de um medicamento, usado por vários motivos, prevenir uma gravidez indesejada ou tratar uma patologia. A paciente precisa avaliar o que é mais importante para ela: a saúde ou ter o corpo considerado perfeito”, pondera a ginecologista.

A médica não acredita que as mulheres devam se preocupar tanto com o assunto, a menos que sejam atletas e o percentual de gordura do organismo seja decisivo para o bom desempenho em competições. Ela lembra, inclusive, que algumas esportistas profissionais buscam pelo método contraceptivo para interromper a menstruação por longos períodos, evitar anemias, cólicas e outros mal-estares do período menstrual.

“Não é o uso de anticoncepcional que vai influenciar significativamente nisso. A dificuldade em perder gordura ou ganhar massa pode ser contornada com a intensificação do treino e dietas mais específicas”, aponta.

Giovanna Bembom/Metrópoles

O nutricionista esportivo Vinicius Lacerda confirma que cada vez mais recebe pacientes entre 20 e 30 anos no consultório relatando falta de disposição e energia ao longo do dia, piora na qualidade do sono, diminuição de libido, dificuldade em ganhar massa muscular e perder gordura, assim como aumento de flacidez e celulite.

Lacerda explica que não se pode associar todos esses sintomas exclusivamente ao uso do método contraceptivo. O ritmo da rotina e o estresse, por exemplo, interferem diretamente nesses sinais. Contudo, exames hormonais mostram que mulheres medicada com a pílula apresentam queda nos níveis de testosterona.

“As mulheres produzem naturalmente entre dez e 15 vezes menos testosterona do que os homens (entre 40 e 70 miligrama de hormônio por decilitro). Em algumas pacientes que fazem uso da pílula, a dosagem chega a 20 miligramas de hormônio por decilitro. Isso é muito baixo”, sinaliza o especialista. Essa é a realidade de sete em cada dez pacientes atendidas por ele.

Ele indica que há sim a possibilidade de aumentar os níveis de testosterona de forma natural como uma alternativa. “Há vários estudos apontando o fato de uma dieta rica em gordura ajudar na produção de testosterona; o uso orientado de fitoterápicos podem estimular a produção endógena, ou seja, do próprio corpo, do hormônio; e treinos específicos direcionados por um personal trainer também são opções válidas”. O importante é buscar acompanhamento profissional caso decida usar ou não o  anticoncepcional.

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