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Rodo e esfregão nas Laranjeiras: a segunda faxina de Levir Culpi

Depois de promover uma ampla limpeza no Atlético Mineiro, agora o treinador vai ao Fluminense e já tem pela frente um par de clássicos cariocas

atualizado

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Kacio/Metrópoles
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1 de 1 levir culpi kacio - Foto: Kacio/Metrópoles

Cristovão Borges, Ricardo Drubscky, Enderson Moreira e Eduardo Baptista. Não dá pra dizer que a diretoria do Fluminense não tenha tentado. Mas também não dá pra dizer que a diretoria do Fluminense não tenha queimado, cada um em poucos meses, uma lista de jovens treinadores (até então) em ascensão no futebol brasileiro. Quatro coitados em um par de temporadas. É feroz a fogueira das Laranjeiras.

Levir Culpi sabe bem onde está se metendo. Já entrou no folclore do desporto nacional a sua pronta resposta ao incauto repórter que lhe perguntou o óbvio… O que te trouxe ao Fluminense, Levir? “O dinheiro”, ele respondeu, numa risada de afetuoso deboche. “E também o nome do Fluminense, claro.”

É justamente esse espírito franco de falar o que pensa, sem muito apego a cargos ou status, que fez o velho Levir reentrar com impacto de grande novidade no ensimesmado cenário do futebol nacional. Após seis temporadas à frente do Cerezo Ozaka, lá no Japão, o camarada voltou de boa. Com o boi na sombra, parece mais leve.

A grande razão de Levir Culpi estar hoje nas Laranjeiras, retomando a predileção da diretoria tricolor por medalhões como Wanderley Luxemburgo e Muricy Ramalho, foi o trabalho realizado no Atlético Mineiro após essa larga temporada para a engorda de seu gado kobe no Japão.

Os treinadores de futebol costumam ser demasiadamente valorizados cá no Brasil, mas de fato Levir foi incrível no Atlético. Ele chegou a Belo Horizonte para reaprumar o Galo após a ressaca do título da Taça Libertadores de 2013. Nada fácil. A maior conquista da história alvinegra tinha aberto espaço para uma indolência geral. Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, depois daquele caneco, deixou quieta de vez a ideia de jogar bola. Diego Tardelli, Danilinho e o centroavante Jô foram na mesma balada do Gaúcho. E o que se percebia dentro de campo era um time desentrosado, desinteressado, desligado. Um espírito que chegou ao auge naquele fiasco do Mundial de Clubes diante do Raja Casablanca.

Levir Culpi, nada a perder, fez valer sua simpatia com torcida e dirigentes do Atlético, conquistada em passagens anteriores pelo clube, e promoveu uma das maiores faxinas que se têm notícia no recente futebol brasileiro. Em poucos meses, ele encostou e negociou jogadores. Sem tretas públicas, sem desavenças pela imprensa, sem palavras fortes. Com a casa novamente em ordem, ficou ali quem queria jogar bola. O time engrenou novamente, chegando ao título da Copa do Brasil ao fim da temporada 2014.

Fluminense FC/Twitter/Reprodução
Levir assume o banco: dois clássicos em sequência

 

Fechar o time e abrir o caminho para os novos

É mais ou menos isso que toca a Levir Culpi nas Laranjeiras. Pode preparar rodo e esfregão. Eduardo Baptista, seu antecessor, foi queimado por maus resultados mas só caiu graças à convulsão política do Fluminense. Ele estava no caminho certo. Com mais estofo que Baptista, Levir tem maiores chances de sobreviver ao fogo cruzado nas Laranjeiras e poder realizar o trabalho que dele se espera.

E não há tempo a perder. Logo mais esta tarde, 18h30, o Fluminense pega o Botafogo no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (RJ). No próximo domingo, tem Fla-Flu em plena cidade de São Paulo, lá no Pacaembu. Ambas as partidas valendo pelo itinerante e fascinante Campeonato Carioca-2016.

A curtíssimo prazo, Levir deve agir ligeiro para estancar os problemas defensivos do time, que se arrastam desde o returno do Brasileiro-2015 e que envolvem até a chegada do zagueiro Henrique, contratado a peso de ouro e ainda sem render nada perto do que se esperava. Levir precisa definir o companheiro de zaga para o rapaz (entre Marlon, Gum ou Chaves) e a partir daí arrumar o resto da equipe.

Na primeira partida que dirigiu, a vitória sobre o Criciúma pela Primeira Liga (2 x 0), quinta-feira em Juiz de Fora (MG), Levir já mostrou o que anda ensaiando… Mesmo sem contar com todos os jogadores do time principal, o treinador pôde esboçar uma equipe compacta, com menos espaços entre as linhas, mais movimentação e maior troca de passes.

E bola para o Gerson. O jovem meia fez os dois gols sobre o Criciúma. Cria de Xerém, ele já foi vendido para a Roma e apenas cumpre hora-extra nas Laranjeiras até começar a nova temporada europeia. Levir que o aproveite por esses poucos meses e, com ele, abra gradualmente uma mui necessária troca de gerações. Douglas e Danielzinho também podem entrar para os titulares, e Gustavo Scarpa precisa ser melhor aproveitado.

Sangue novo e pernas novas oxigenam a equipe inteira. Assim, os veteranos podem se valer dessa onda e subir de rendimento, ou podem simplesmente deixar a equipe sem maiores traumas. E neste ponto estamos a tratar do artilheiro Fred, do armador Diego Souza, do meia Cícero e mesmo do goleiro Diego Cavalieri. Todos os quatro atualmente rendendo bem abaixo.

Levir Culpi, daquele jeitão despachado, já aproveitou a primeira coletiva de imprensa para dar uma enquadradinha, de leve, no senhor Fred. Disse que Fred está frequentemente baleado no departamento médico porque “quer jogar sempre” e nisso acaba por “queimar etapas”. Basicamente, deu pra entender que ele espera ver Fred treinar mais, espera ver Fred se preparar melhor, para aí sim encaixá-lo de volta no time.

Fred anunciou que quer entrar no Fla-Flu. A ver.

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