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“Nós perdeu”: quadrilha do “caso Moro” precisou fugir de apartamento alugado

Membros do PCC passaram seis meses em Curitiba articulando plano para assassinar o senador Sergio Moro no segundo turno das eleições

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Igo Estrela/Metrópoles
Imagem colorida do senador Sergio Moro (União-PR), no plenário do Senado Federal
1 de 1 Imagem colorida do senador Sergio Moro (União-PR), no plenário do Senado Federal - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Interceptação de mensagens feita pela Polícia Federal (PF) mostra que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) fugiram de um dos apartamentos alugados em Curitiba (PR). O aluguel do imóvel fez parte do plano para sequestrar e matar o senador Sergio Moro (União-PR) no segundo turno das eleições de 2022. Os criminosos deixaram o local, sem pagar aluguel, quando a imobiliária descobriu a utilização de documentos falsos para fechar o contrato.

O apartamento em questão fica no número 127 da Rua João Batista Ribeiro, no bairro Jardim Botânico. O imóvel foi alvo de uma das diligências da PF. Trata-se de uma localização privilegiada na capital paranaense, pois fica próximo à Rodoviária de Curitiba e no caminho para o Aeroporto de São José dos Pinhais. O endereço também está a 15 minutos do Clube Duque de Caixas, local de votação de Sergio Moro.

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Dessa forma, a localização da base auxiliaria tanto num possível deslocamento para a prática de crime quanto para a saída, por locais de fácil deslocamento. As informações foram obtidas a partir de anotações sobre controle de gastos e lista de tarefas do grupo.

“Os apartamentos no Paraná, que ‘nós perdeu’, a casa, coloca tudo no tabuleiro. Essa casa, agora, que ‘nós alugou’, agora. A chácara que você alugou. Os caras, teve os gastos. Aí tem o apartamento, é só somar, também. Aí tem a casa que o Fala vai ajudar também”, diz um dos supostos criminosos, identificado como Claudinei, em mensagem de áudio interceptada pela Polícia Federal.

O apartamento teria sido alugado por Claudinei e um parceiro, identificado pela PF como Janeferson, e outros dois integrantes do PCC, ainda não identificados.

A chácara em questão foi alugada, a principio, por apenas 10 dias, diretamente com a proprietária. O pagamento foi feito em dinheiro por uma suposta parceira do grupo, identificada como Cintia Aparecida Pinheiro Melesqui. Ela teria se identificado falsamente como Luana.

Os criminosos referiam-se ao plano para assassinar Moro como “Projeto M”, dividido em duas partes. Ele começou a ser executado quando a escolta do ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL), que tinha validade de 180 dias, expirou, em 24/10 de 2021. Os suspeitos teriam passado pelo menos seis meses em Curitiba.

“Os criminosos alugaram um apartamento e uma casa na mesma imobiliária, sendo que, por causarem transtornos no referido edifício, e, também, por não pagarem os valores devidos pela ocupação dos imóveis, foram procurados tanto pelo síndico do prédio quanto pela própria imobiliária. Por isso, chegamos às imagens já apresentadas, bem como a confirmação de utilização de documentação falsa por Claudinei, bem como pelos dois homens ainda não qualificados e a presença de Janeferson”, detalha a PF.

As imagens às quais a PF se refere são prints de mensagens obtidos por meio de interceptação telemática, que mostram o nível de detalhes levantados pelos supostos criminosos sobre a rotina do então candidato ao Senado. Eles sabiam informações, principalmente, sobre o local de votação do ex-juiz. Foram registradas rotas de acesso e fuga do local, posicionamento de câmeras de monitoramento e nível de segurança esperado.

Dados coletados pela PF apontam que, após a fuga do apartamento, Claudinei permaneceu em atividade, em locais próximos a endereços ligados à família de Sergio Moro, até dezembro de 2022.

Repercussão do caso

O plano do PCC contra Sergio Moro e outros agentes públicos foi revelado numa megaoperação, deflagrada na manhã dessa quarta-feira (22/3), pela Polícia Federal. Agentes foram às ruas para prender integrantes do PCC.

A PF ainda estuda a motivação para a ação da organização criminosa contra o senador. Após deixar o comando da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela Lava Jato na primeira instância, ele integrou o governo de Jair Bolsonaro como ministro da Justiça e Segurança Pública.

No ministério, Moro apresentou um pacote anticrime. Durante a gestão do ex-juiz, Marcola, apontado como líder do PCC, e outros 21 integrantes da organização criminosa, foram transferidos de presídios estaduais para unidades federais de encarceramento.

No Congresso, parlamentares aproveitam a repercussão do caso para apresentar projetos anticrimes, que endurecem a pena para membros de organizações criminosas e, também, para quem planejar ataques contra agentes públicos. Apesar disso, a avaliação é de que as pautas não devem prosperar na Câmara dos Deputados.

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