Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Sorbonne, na França, identificou as 10 condições de saúde prévias que estão mais associadas ao aparecimento da doença de Alzheimer na década seguinte. Os resultados foram publicados na revista científica Lancet na última terça-feira (1º/3).
Através da plataforma The Health Improvement Network, os cientistas analisaram informações de quase 40 mil pacientes com a doença de Alzheimer na França e no Reino Unido. Os dados foram registrados entre janeiro de 1996 a março de 2020. O cruzamento de dados levou a uma lista de sinais que indicam maior risco para a doença.
Veja os 10 fatores de risco para o Alzheimer
Transtorno depressivo,
Ansiedade,
Estresse severo;
Perda auditiva;
Prisão de ventre;
Artrose;
Perda anormal de peso;
Mal-estar e fadiga;
Perda de memória;
Colapsos nervosos.
A depressão foi a primeira comorbidade associada à doença de Alzheimer, sendo diagnosticada pelo menos nove anos antes do Alzheimer. Em seguida, os resultados mostraram uma associação da doença com ansiedade, prisão de ventre e perda de peso. Ao todo, cerca de 123 condições diferentes de saúde foram comparadas.
O estudo observacional, ou seja, ele relaciona os fatores de risco para a doença a partir de estatísticas sobre o histórico médico dos pacientes. Pelos resultados, não é possível estabelecer explicações sobre causa e efeito.
Aprenda a identificar sinais de doenças neurodegenerativas em idosos 1/22
O Parkinson, o Alzheimer e a demência são doenças neurodegenerativas que afetam principalmente a população idosa. As condições são progressivas e, com o passar do tempo, o paciente torna-se mais dependente do cuidado de terceiros ▲
É comum que, no estágio inicial, os sintomas sejam confundidos com o processo natural do envelhecimento. No entanto, familiares e pessoas próximas devem ficar atentas aos sinais ▲
Também é importante buscar ajuda de médicos, pois quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as chances de controlar o caso e retardar o avanço das doenças, bem como aumentar a qualidade de vida dos pacientes ▲
O Parkinson provoca a morte de neurônios que produzem dopamina e desempenham papel importante no sistema locomotor. Os homens são os mais acometidos ▲
Os familiares do paciente devem ficar atentos aos primeiros sinais de lentidão, rigidez muscular e tremores frequentes, que são mais característicos desta condição ▲
O Alzheimer, por sua vez, afeta mais a população feminina. Ele provoca a degeneração e a morte de neurônios, o que resulta na alteração progressiva das funções cerebrais ▲
As consequências mais recorrentes são o comprometimento da memória, do comportamento, do pensamento e da capacidade de aprendizagem ▲
A demência é progressiva e os sintomas iniciais bastante conhecidos: perda de memória e confusão são os mais comuns. A condição atinge até 25% das pessoas com mais de 85 anos no Brasil ▲
Problemas na fala e dificuldade em tomar decisões também estão entre os sinais. Porém, há outros indícios sutis que podem alertar para o desenvolvimento de alguns tipos de doenças degenerativas ▲
Problemas de visão: um estudo feito no Reino Unido pela UK Biobank mostra que pessoas com degeneração macular relacionada à idade têm 25% mais chance de ter demência ▲
Perda auditiva: pode estar ligada a mudanças celulares no cérebro. Mas a perda de visão e audição pode levar o idoso ao isolamento social, que é conhecido há anos como um fator de risco para Alzheimer e outras formas de demência ▲
Mudanças de humor: pessoas com quadros iniciais de demência param de achar piadas engraçadas ou não entendem situações que costumavam achar divertidas e podem ter dificuldade de entender sarcasmo ▲
Problemas na gengiva: pesquisas apontam que a saúde bucal está relacionada a problemas mentais e pode estar ligada também à diabetes tipo 2, pressão alta, colesterol alto, obesidade e alcoolismo — todos também são fatores de risco para a demência ▲
Isolamento social: o sintoma pode aumentar o risco de doenças neurodegenerativas. A falta de paciência com amigos e familiares e a preferência por ficar sozinho podem ser sinais de problemas químicos no cérebro ou falta de vitaminas ▲
Outros sinais que podem indicar doenças neurodegenerativas, são: desinteresse pelas atividades habituais, dificuldade em executar tarefas do dia-a-dia, repetir conversas ou tarefas, Desorientação em locais conhecidos e dificuldade de memorização ▲
Segundo os pesquisadores, se uma relação de causa e efeito direta fosse levada em consideração, condições como depressão, ansiedade, artrose, prisão de ventre, perda auditiva e estresse aumentariam a incidência de Alzheimer em 14% na França e em 18% no Reino Unido.
Associações com a doença
Para o estudo, existe uma dúvida se a depressão e a ansiedade são fatores de risco para demência, sintomas iniciais ou ambos.
O trabalho identificou ainda novos potenciais fatores de risco para a doença de Alzheimer. Um deles é a constipação, que já foi associada à depressão e identificada como sintoma em algumas doenças neurodegenerativas.
“Também encontramos uma forte associação entre artrose e o risco de doença de Alzheimer, que permaneceu significativa após a correção de outros fatores de risco identificados. Uma possível razão para esta associação pode ser o declínio na atividade física”, afirma o documento.
Os pesquisadores destacam que condições como hipertensão e diabetes, comumente citadas em outros estudos, não apareceram nos resultados dessa pesquisa. A idade média no diagnóstico de Alzheimer foi de 81 anos no Reino Unido e 80 na França. Havia mais mulheres com a doença do que homens em ambos os países.
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