Terezinha, 67 anos: “Virei atleta depois de um AVC e um câncer”

Dona de casa se prepara para correr dez quilômetros no sábado que vem em sua 15ª Corrida de Reis

Érica Montenegro
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A história da dona de casa Maria Terezinha Franco, 67 anos, é para incentivar as pessoas a saírem do sofá. No próximo sábado (25/01/2020), ela vai correr sua 15ª Corrida de Reis, cumprindo mais um desafio em uma bem-sucedida trajetória de atleta amadora iniciada depois de ter passado por um acidente vascular cerebral e um câncer no esôfago.

Até os 50 anos, dona Tereza vivia aquele cotidiano massacrante que quase todo mundo conhece bem: era de casa para o trabalho e do trabalho para casa. A maior preocupação era dar conta de criar os dois filhos. “Não pensava em mim, não fazia nada por mim”, relata. Um dia, estava preparando o café para os funcionários da escola onde trabalhava, quando, de repente, virou a boca e desmaiou no chão.

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Dona Terezinha guarda com orgulho troféus e medalhas das corridas que participou
Aos 67 anos, ela treina duas horas por dia
A corrida de rua virou sua grande paixão
E garante a saúde e o bom humor

Era um AVC (acidente vascular cerebral), um entupimento nas artérias que, ao extravasar, paralisou o lado esquerdo do corpo dela. A sorte foi que o socorro veio rápido e os danos à locomoção puderam ser revertidos com a ajuda de fisioterapia.

Cerca de dois anos depois do AVC, quando ainda estava recuperando os movimentos, foi diagnosticada com um tumor entre o esôfago e o estômago. Depois de retirar a região atingida e fazer o tratamento médico, decidiu mudar de vida, pensar mais nela própria. Buscou uma atividade para promover a saúde e encontrou uma paixão: a corrida de rua.

“Gosto muito. Para mim é igual a beber água. Eu preciso”, diz a moradora de Taguatinga.

Terezinha treina diariamente entre 6h30 e 8h30, alterna trotes com caminhadas e exercícios de musculação, que realiza em pontos de encontro comunitários. Também não descuida de sua rotina de visitas ao médico: vai ao Hospital Regional de Taguatinga a cada três meses.

O cardiologista Gerson Luiz Roos, que a atende, reforça que o acompanhamento clínico é fundamental para qualquer adulto acima de 40 anos – sendo atleta ou não. “É muito importante que as pessoas não se submetam a voos cegos. É preciso acompanhar a saúde de perto para que a prática de exercícios seja feita com segurança e tranquilidade”, explica.

O médico lembra que nunca é tarde para mudar hábitos e reforça que o estilo de vida saudável contribui para a longevidade.

Ex-treinador de dona Terezinha, Gastão Reis Mesquita elogia o bom humor e a disposição da atleta: “Já passou por tanta coisa e nunca a vi reclamando. Ela é uma inspiração para todos”, completa.

A Corrida de Reis do próximo sábado é a 50ª edição da prova promovida pela Secretaria de Esportes.

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