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Por que homens são maioria entre vítimas fatais do coronavírus?

Segundo infectologista, os óbitos mais frequentes entre homens estão relacionados a fatores biológicos e socioculturais

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Homem coronavírus máscara
1 de 1 Homem coronavírus máscara - Foto: Getty Images

Os boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde têm indicado que os homens são maioria entre as vítimas do novo coronavírus no Brasil. Eles representam cerca de 59,9% das 1.239 mortes que compõem um levantamento organizado pela pasta. Dados da China, Itália, Espanha, França, Alemanha, Irã e Coreia do Sul mostram o mesmo comportamento da doença entre os pacientes infectados.

De acordo com o infectologista e diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal (SIDF), José David Urbaez, os casos graves da doença são mais comuns entre os homens por conta de vários fatores, tanto socioculturais quanto biológicos que distinguem homens e mulheres.

“Essa diferença vem se tornando um fato documentado e, aparentemente, tem uma coerência epidemiológica. Os casos graves que vão à morte são mais frequentes entre homens do que entre mulheres.”

Ainda segundo o infectologista, o mesmo cenário foi observado nas epidemias de Sars, em 2002, e MERS-CoV, em 2012.

Fatores biológicos 
No geral, as mulheres têm respostas do sistema imunológico mais eficientes do que os homens, mas isso também faz com que elas tenham tendência a desenvolver doenças autoimunes.

“O que estaria na base dessa resposta seria o fato de que as mulheres têm uma fórmula cromossômica de gênero formada por dois cromossomos ‘X’ e que o homem tem um cromossomo incompleto, que é o cromossomo ‘Y'”, afirma o médico.

Trabalhos científicos mostraram que, neste “braço a mais”, existem genes de imunorresposta que poderiam ser os responsáveis por essa proteção extra.

Outro ponto importante diz respeito à concentração do receptor do vírus Sars-Cov-2 – responsável pela Covid-19 – nas células dos alvéolos pulmonares, que é muito mais intensa nos homens.

Ainda há outra explicação biológica, que indica a relação com os níveis hormonais. “Já se sabe que o estrogênio pode gerar um estado de imunoproteção muito mais intenso entre mulheres do que a sua falta entre homens”, explica.

Fatores socioculturais

De maneira geral, segundo o infectologista, homens têm a saúde mais comprometida porque buscam menos por atendimentos preventivos e, quando procuram, é tardio; têm taxas de doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes mais altas e sem controle.

Todos esses pontos fazem deles um grupo com mais fatores de risco para desfechos fatais quando são infectados pelo vírus da Covid-19.

“Tem-se notado que a população masculina acaba procurando serviços de saúde de forma mais tardia. Isso é um padrão comportamental que se repete também na pandemia pela Covid-19. Eles procuram a assistência à saúde quando estão com os sintomas mais intensos, o que faz com que venham sendo admitidos em uma fase mais grave da doença e, portanto, isso se reflete em uma taxa de letalidade maior”, afirma.

O médico lembra ainda que é preciso investigar mais para entender o comportamento epidemiológico da Covid-19. “Sem dúvida alguma teremos, no futuro, estudos que nos permitirão conhecer melhor a resposta sobre essa diferença”, finaliza.

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