Mulher de 36 anos com depressão severa melhora após tratamento inovador

Paciente apresentou resposta "rápida e sustentada" de acordo com artigo publicado pelos pesquisadores na revista Nature Medicine

Juliana Contaifer
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Pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco, nos Estados Unidos, conseguiram usar um dispositivo de estimulação profunda no cérebro (DBS) para amenizar os sintomas de depressão severa de uma paciente de 36 anos que já não respondia a outros tratamentos.

Sarah, a paciente, que não revelou seu sobrenome, foi diagnosticada com a doença durante a infância, e já foi submetida a várias combinações de medicamentos e terapia eletroconvulsiva no passado, mas nunca havia melhorado. “Eu estava no fim da linha. Estava profundamente deprimida, e não conseguia me ver continuando se eu não pudesse nunca superar isso. Não era uma vida que valia a pena ser vivida”, relatou, de acordo com artigo publicado na revista Nature Medicine.

Os cientistas usaram o dispositivo de maneira diferente da original, que é aplicado em pacientes com demência, Parkinson e Tourette, por exemplo. Normalmente, são implantados fios muito finos com eletrodos nas pontas, que são conectados à área responsável pela regulação de humor — o aparelho estimula a região initerruptamente.

No caso de Sarah, foi criada uma corrente em círculo, com eletrodos instalados em dois locais diferentes do cérebro. O dispositivo analisa 24h biomarcadores neurais para reconhecer um momento de crise e, só então, envia o estímulo elétrico para o cérebro.

Melhora sustentada

Os pesquisadores contam que foi observada uma melhora “rápida e sustentada” na depressão da paciente. Sarah explica que a queda dos sintomas foi tão abrupta, que ela não acreditou no quadro a longo prazo. Agora, um ano depois, a paciente diz que se sente muito melhor, e que os pensamentos depressivos ainda aparecem, mas ela não entra em um ciclo e consegue seguir com suas atividades.

O aparelho foi criado para o caso específico da paciente, e agora os cientistas querem descobrir se a tecnologia pode ser replicada pra outros casos. Outras duas pessoas já foram incluídas no estudo, e nove devem ser recrutadas nos próximos meses.

“É realmente apenas a primeira demonstração que isso funciona em alguém e temos muito trabalho pela frente para validar esses resultados. Precisamos saber se realmente é algo que será duradouro”, afirmou Edward Chang, neurocirugião responsável por colocar o dispositivo em Sarah, em entrevista à BBC.

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