As autoridades de saúde do Rio Grande do Sul confirmaram, nesta quinta-feira (17/6), a morte de um rapaz de 23 anos contaminado por uma mutação do coronavírus pouco comum no Brasil, a variante Lambda.
Na última terça-feira (15/6), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que a Lambda é considerada uma variante “de interesse”. Nessa categoria, estão outras seis mutações do Sars-CoV-2 e a OMS orienta que, caso confirmada transmissão comunitária, elas sejam devidamente investigadas pela comunidade científica para medir seu impacto.
Até o momento, a mutação Lambda foi identificada em 29 países. O caso do jovem do RS representa o segundo registro da presença dela no Brasil. Um primeiro caso já havia sido identificado, em fevereiro deste ano, a partir de amostras recolhidas de um tripulante de um navio que ancorou na Bahia.
A Lambda foi identificada pela primeira vez no Peru, em agosto de 2020. Sua prevalência naquele país tem sido notória, sendo que 81% dos casos confirmados de Covid-19 desde abril de 2021 foram associados a ela, de acordo com as autoridades peruanas.
No Chile, a cepa foi detectada em 32% dos testes positivos que tiveram o genoma sequenciado nos últimos 60 dias. A mutação foi superada pela variante Gama (P1), que foi identificada pela primeira vez no Brasil. Outros países, como Argentina e Equador, também relataram prevalência elevada da variante Lambda.
Após monitoramento, a OMS concluiu que esta variante carrega uma série de mutações que podem ter implicações fenotípicas, como um possível “aumento da transmissibilidade” ou “resistência a anticorpos neutralizantes”.
Transmissibilidade
O médico em microbiologia molecular e coordenador do Laboratório de Genômica Microbiana do Peru, Pablo Tsukayama, está por trás das pesquisas que identificaram a nova linhagem do Sars-CoV-2. Em entrevista à BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC), ele afirmou que ainda há muitas questões a serem respondidas em relação à Lambda, mas que, possivelmente, essa variante tem uma transmissibilidade maior.
“Ela provavelmente é mais transmissível, porque é a única forma de explicar seu rápido crescimento. No Chile e no Peru, ela continua avançando fortemente, enquanto na província de Buenos Aires já representa mais de 40% dos casos”, afirma. “E o simples fato de serem mais transmissíveis se traduz em mais internações e mortes”, acrescenta.
Não foram relatados sintomas diferenciados para os casos positivos infectados com a mutação Lambda. Em relação às vacinas, Tsukayama afirma que ainda não há informações concretas se há perda de eficácia contra essa mutação.