“Estamos em um cenário com bons indicadores”, diz pesquisador da Fiocruz

Raphael Guimarães, do Observatório Covid-19 Fiocruz, afirma que já é seguro encontrar familiares, desde que seguindo as regras de prevenção

Juliana Contaifer
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Com a diminuição da média móvel de óbitos por Covid-19 nas últimas semanas e o crescimento da quantidade de pessoas vacinadas contra a doença, o Brasil vive o melhor momento desde o início da pandemia de coronavírus, em fevereiro de 2020. A população imunizada já volta a encontrar amigos e familiares, a trabalhar presencialmente, e a organizar viagens para o fim do ano.

Pesquisador do Observatório Covid-19 Fiocruz e um dos responsáveis pela elaboração dos boletins emitidos pelo grupo, o epidemiologista Raphael Guimarães explica que o cenário no momento é bom, e os indicadores mostram que a situação está se encaminhando de forma positiva. “Os óbitos têm caído de forma consolidada, assim como as internações. Temos consistência no cenário otimista”, diz o especialista.

Ele conta que, neste momento, é seguro encontrar amigos e familiares, desde que respeitando as normas de prevenção e evitando aglomerações. Segundo Guimarães, ele e os demais pesquisadores da Fiocruz continuam recomendando o passaporte da vacina, ainda que a medida seja relativamente polêmica.

“As pessoas acham que é algo que mexe com a liberdade individual, mas é para coibir quem não está imunizado de circular e contaminar outras pessoas. A gente precisa ter muita cautela, estamos em um momento com patamar de distanciamento nulo e o índice de circulação está como era antes da pandemia. A vacina sozinha não resolve“, pontua o pesquisador.

Epidemiologista Raphael Guimarães, pesquisador da Fiocruz

Veja quais são os sintomas mais frequentes de Covid-19:

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Os testes laboratoriais confirmaram que o medicamento é capaz de conter a capacidade viral de mutações, como a Ômicron e a Delta, classificadas como variantes de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
Idosos e pessoas com comorbidades, como doenças cardíacas, pulmonares ou obesidade, e os imunossuprimidos apresentam maior risco de desenvolver complicações mais sérias da Covid-19
No início da pandemia, os principais sintomas associados à doença eram febre, cansaço, tosse seca, dores no corpo, congestão nasal, coriza e diarreia
Dois anos depois da confirmação do primeiro caso, com o surgimento de novas variantes do coronavírus, a lista de sintomas sofreu alterações
Pacientes passaram a relatar também calafrios, falta de ar ou dificuldade para respirar. Fadiga, dores musculares ou corporais, dor de cabeça, perda de olfato e/ou paladar, dor de garganta, náusea, vômito e diarreia também fazem parte dos sintomas
A variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia, espalhou-se rapidamente pelo mundo e gerou um novo perfil da doença
Atualmente, ela se assemelha a um resfriado, com dores de cabeça, dor de garganta, coriza e febre, segundo um estudo de rastreamento de sintomas feito por cientistas do King's College London
A mudança no perfil dos sintomas é um desafio no controle da pandemia, uma vez que as pessoas podem associá-los a uma gripe comum e não respeitar a quarentena, aumentando a circulação viral
Um estudo feito no Reino Unido, com 38 mil pessoas, mostrou que os sintomas da Covid-19 são diferentes entre homens e mulheres
Enquanto eles costumam sentir mais falta de ar, fadiga, calafrios e febre, elas estão mais propensas a perder o olfato, sentir dor no peito e ter tosse persistente
Os sintomas também mudam entre jovens e idosos. As pessoas com mais de 60 anos relatam diarreia com maior frequência, enquanto a perda de olfato é menos comum
A maioria das pessoas infectadas que tomaram as duas doses da vacina sofre com sintomas considerados leves, como dor de cabeça, coriza, espirros e dor de garganta
Transmissão e vacina

Apesar do bom momento, Guimarães lembra que a transmissão do coronavírus no país ainda é alta – a vacinação diminui os casos graves e óbitos, mas a contaminação ainda ocorre. Os indicadores mostram uma queda na taxa de proliferação da doença nas últimas semanas, mas é necessário evitar aglomerações e apostar nas máscaras para diminuir consistentemente a presença do vírus na sociedade antes de se começar a falar em fim da pandemia.

“O principal objetivo da vacina é evitar que as pessoas precisem ser hospitalizadas, mas a população imunizada cria uma barreira para a transmissão do vírus. Porém, precisamos reforçar: não estamos fazendo pouco, mas podemos melhorar. Muita gente ainda usa máscara de forma incorreta ou não usa, e é preciso evitar aglomerações”, diz o especialista.

Ele aponta que a cobertura vacinal deve atingir entre 70% e 80% da população, incluindo as crianças, para bloquear a circulação de um vírus. “Avançamos, mas ainda não chegamos lá. Estamos em cerca de 45%. Vale lembrar que a vacinação dos adolescentes acabou de começar, e a espera para aplicar a segunda dose tem sido de três meses”, explica.

Ano-Novo e Carnaval

Apesar do bom momento, Guimarães pede cautela com as programações das festas de Réveillon e Carnaval. Ele afirma que não é hora de grandes aglomerações e de multidões na praia esperando para ver os fogos de artifício.

“Não temos como dizer se daqui a dois meses o cenário vai estar muito melhor. Pelo sim e pelo não, já temos algum nível de flexibilidade, mas precisamos ter cuidado. Jantar de família é possível, seguindo as regras de segurança. Mas festa… Acho prematuro”, conta o pesquisador.

Ele pede ainda mais cautela com o Carnaval, que causa aglomerações maiores. Para Guimarães, com o cenário que temos hoje, é perigoso planejar festas para o ano que vem.

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