Dois em cada 10 brasilienses acreditam que depressão é fraqueza

Levantamento do Ibope mostra que mais da metade dos moradores do DF não sabe que a doença é um transtorno mental ligado à química cerebral

Glaucia Chaves
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São Paulo – Quando o assunto é depressão, o brasiliense está mal informado. De acordo com o levantamento Na Direção da Vida – Depressão sem Tabu, feito pelo Ibope Conecta em parceria com a Upjohn (divisão focada em doenças crônicas não transmissíveis da Pfizer), os moradores do DF têm muitas dúvidas sobre a gravidade da doença, a necessidade de tratamento e a prevenção.

Segundo os dados da pesquisa, mais da metade dos brasilienses (52%) desconhece que a depressão é um transtorno mental ligado ao desequilíbrio de substâncias no cérebro. Na verdade, quase um quarto (24%) acredita ou suspeita que a depressão seja causada pela “falta de Deus”, demonstrando profundo desconhecimento a respeito da natureza do problema.

Ainda sobre a origem da depressão, 23% dos brasilienses acreditam que o problema é um sinal de fraqueza, e não uma doença de fato. Outro dado que chama a atenção: 93% não sabem que a doença é mais comum em pessoas com histórico na família.

As respostas também não foram animadoras em relação à forma de tratar a doença. Cerca de 19% têm dúvida ou não acreditam que a enfermidade possa ser tratada com sucesso. Para 31% dos brasilienses, basta ter “alegria e atitudes positivas perante a vida” para curar a depressão.

Entre os respondentes que disseram que não iriam ao psiquiatra para tratar um quadro de depressão (8%), as principais justificativas foram: “prefiro tentar outros tipos de apoio, como conversar com os amigos” (26%), “acho que o psiquiatra trata doenças mentais mais graves e depressão não é algo tão sério” (21%) e “não quero ser vista como uma pessoa desequilibrada” (21%).

Tabu
Em caso de diagnóstico de depressão, 42% não se sentiriam à vontade para falar sobre o assunto no trabalho e/ou escola. Entre as principais justificativas para não falar sobre a doença estão crença como: “as pessoas não levam a depressão a sério e não vão acreditar que estou doente” (54%), seguida de “tenho receio de ser hostilizado ou ridicularizado pelos meus colegas” (42%) e “não quero que sintam pena de mim” (41%). No âmbito familiar, 41% dos respondentes não contaria por medo de atrapalhar e preocupar os familiares em caso de depressão (63%).

O uso de antidepressivos também não é bem visto por aqui: 16% não tomariam um medicamento antidepressivo nem sob prescrição médica. Cerca de 44% acreditam que os antidepressivos não funcionam. Mais da metade (51%) acham que esse tipo de remédio vicia e causa dependência por toda a vida. A mesma porcentagem acredita que o uso de antidepressivos causa sonolência e pode prejudicar a concentração nos estudos e/ou trabalho e 58% acreditam que os antidepressivos mais modernos podem ter sua eficácia reduzida.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é um transtorno mental que atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo. Diferentemente de uma tristeza comum, a doença tem longa duração e intensidade moderada ou grave, podendo causar grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano – sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos.

Os principais sintomas são perda de energia, mudanças no apetite, aumento ou redução do sono, ansiedade, perda de concentração, indecisão, inquietude, sensação de que não se vale nada, culpa, desesperança, pensamentos suicidas ou de causar danos a si mesmo. O tratamento da doença envolve tratamentos psicológicos, como ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia interpessoal ou medicamentos antidepressivos, para casos mais graves.

A repórter viajou à convite da Pfizer. 

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