Covid: estudo brasileiro com 1,3 mil comprova ineficácia da cloroquina

O medicamento não demonstrou vantagens para o tratamento de pacientes com quadros leves ou moderados da infecção

Bethânia Nunes
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O maior estudo brasileiro sobre o uso de hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, realizado por meio de uma parceria entre oito instituições de saúde do país, concluiu que o medicamento é ineficaz para evitar hospitalizações após a infecção.

Ainda em 2020, a hidroxicloroquina ganhou visibilidade nacional pela insistência do governo em tentar emplacar o medicamento como tratamento precoce contra a Covid. O remédio é, originalmente, indicado para artrite reumatoide, lúpus e malária.

Em artigo publicado nessa quinta-feira (31/3), na revista científica The Lancet Regional Health – Americas, cientistas que integram a iniciativa Coalizão Covid-19 Brasil afirmam que as pessoas que foram tratadas com o medicamento nos primeiros dias dos sintomas apresentaram resultados semelhantes aos do grupo controle, que receberam placebo.

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Com cerca de 50 mutações e presente em mais de 140 países, a Ômicron é considerada a variante mais infecciosa e tem sido a responsável pela terceira onda da Covid no mundo
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Por isso, saber identificar os principais sintomas da doença é necessário para assegurar sua saúde e de quem você ama
Febre, dor constante na cabeça e garganta, calafrios, tosse, dificuldade para respirar e elevação na frequência cardíaca em crianças são alguns dos sintomas identificados por pesquisadores em pessoas infectadas pela Ômicron
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Dor abdominal, diarreia, náusea ou vômito são outros sintomas que podem surgir.

Estudos anteriores já mostraram que o remédio também não tem eficácia no tratamento de pacientes internados com quadros graves da Covid.

“Toda evidência que tem se acumulado a respeito da hidroxicloroquina para tratamento é consistente de que não há um efeito benéfico, seja para o paciente hospitalizado ou que está com a doença mas não precisa se hospitalizar. Não faz o menor sentido ficar tomando o medicamento já que não há benefícios”, disse o médico intensivista Alexandre Biasi Cavalcanti, diretor do Instituto de Pesquisa do Hcor, ao Metrópoles.

A Coalizão Covid-19 Brasil é formada por pesquisadores do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet). As pesquisas realizadas pelo grupo durante a pandemia se destacaram pela robustez.

Estudo

O estudo sobre uso da cloroquina para pacientes com quadros leves e moderados foi realizado entre 12 de maio de 2020 e 7 de julho de 2021 em 56 centros de pesquisa brasileiros. Ao todo, participaram 1.372 pacientes da Covid-19 com ao menos uma comorbidade. Eles receberam duas doses de 400 mg do medicamento no primeiro dia, seguida por uma dose diária de 400 mg durante o período total de sete dias iniciais da doença.

Não houve diferença significativa na ocorrência de hospitalizações entre o grupo medicado com a hidroxicloroquina e o que usou placebo nos 30 dias após o início do estudo, sendo 6,4% e 8,3% – o percentual, entretanto, não é considerado significativo para a recomendação de uso.

Embora os pesquisadores não tenham verificado o amento da ocorrência de eventos adversos com o uso do remédio, Cavalcanti destaca que o uso não se justifica. “O uso de qualquer medicação só deve ser feito se tiver os benefícios comprovados para a doença a ser tratada, e esse não é o caso da hidroxicloroquina com a Covid-19”, detalha o médico.

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