Coronavírus: brasileiros relatam rotina de restrições na Itália

Durante o fim de semana, bares, discotecas e cinemas ficaram fechados e até missas foram canceladas

Érica Montenegro
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Ruas vazias, monumentos fechados e serviços públicos funcionando parcialmente passaram a fazer parte do cotidiano de moradores das regiões onde há casos de coronavírus confirmados na Itália. Brasileiros que vivem em Milão e em cidades próximas relatam que o temor da doença tem levado a população a evitar as ruas da sempre movimentada capital da Lombardia desde o último sábado, quando o governo do país anunciou as primeiras mortes e impôs medidas restritivas a 11 cidades. Na noite dessa terça-feira (25/02/2020), um brasileiro recém chegado do país europeu teve o diagnóstico positivo para o vírus. O Ministério da Saúde informou que fará exame de contraprova, e divulgará o resultado nesta manhã.

O estudante de mestrado Braitner Moreira, 29 anos, relata que, apesar da clareza das informações passadas à população pelos canais públicos, há uma espécie de temor generalizado. Durante este final de semana, bares, discotecas e cinemas ficaram fechados e até missas foram canceladas.

“A universidade onde estudo suspendeu as aulas por uma semana e é possível que a decisão seja extendida para a próxima semana”, relata. Alguns dos colegas de Braitner já voltaram para as cidades de origem para esperar que o estado de alerta passe.

Ao Metrópoles, mediadora cultural, Juliana Teixeira Lima, 39 anos, contou que as pessoas estão evitando sair de casa e fazendo estoques de água mineral e alimentos em casa. “Os supermercados estão cheios e os produtos já começam a faltar, apesar de o governo orientar que precauções assim não são necessárias”, afirma.

Juliana, que vive em Monza, região da grande Milão, conta que já ocorreram agressões contra imigrantes chineses nas ruas. “Eles têm sido vítimas de vários  preconceitos que até já resultaram em violências físicas”.

Ela não pretende deixar a cidade onde vive por não considerar o risco de mortalidade do novo coronavírus alto. “Não estou na faixa etária de risco, nem em algum grupo que seja mais vulnerável. O risco de morte por influenza é maior do que por coronavírus”, afirma.

Risco no Brasil

O Ministério da Saúde, em conjunto com as secretarias estadual e municipal de São Paulo, investiga um possível caso de coronavírus em São Paulo, após teste realizado em um homem que veio da Itália ter dado positivo. O caso foi para o Instituto Adolfo Lutz para contraprova.

O Hospital Albert Einstein registrou a notificação do caso suspeito nessa terça-feira (25/02/2020). Trata-se de um homem de 61 anos, que viajou para o norte da Itália entre 9 e 21 de fevereiro. O paciente tem sinais brandos da doença, como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza.

Entre as preocupações do poder público após o primeiro teste positivo do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil – que espera contraprova para ser confirmado nesta quarta-feira – está a busca às pessoas com as quais o paciente de 61 anos teve contato nos últimos dias.

Autoridades do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde de São Paulo já estão nos esforços de identificar e monitorar as pessoas com as quais o paciente mora e as com que teve contato no Hospital Albert Einstein e no voo no qual veio da Itália para o Brasil.

Segundo as primeiras informações, o brasileiro esteve no país europeu entre 09 e 21 de fevereiro, mas o governo ainda não confirmou se foi esse o dia em que ele desembarcou nem se a cidade de chegada foi mesmo São Paulo, onde o homem procurou ajuda médica.

Leia a nota do Ministério da Saúde na íntegra:

“O Ministério da Saúde, em conjunto com as secretarias estadual e municipal de São Paulo, investiga possível caso de Doença pelo Coronavírus no município de São Paulo.

Em 25 de fevereiro de 2020, após 12h, o Hospital Israelita Albert Einstein registrou a notificação de caso suspeito de Doença pelo Coronavírus 2019 (COVID-19). No atendimento, adotou todas as medidas preventivas para transmissão por gotículas, coletou amostras e realizou testes para vírus respiratórios comuns e o exame específico para SARS-CoV2 (RT-PCR, pelo protocolo Charité), conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Com resultados preliminares realizados pela unidade de saúde e de acordo com o Plano de Contingência Nacional, o hospital enviou a amostra para o laboratório de referência nacional, Instituto Adolfo Lutz, para contraprova.

Este processo de validação dos resultados está em curso e o Ministério da Saúde divulgará o laudo final da investigação oportunamente. A pasta recomenda, portanto, cautela sobre quaisquer informações que não sejam as oficiais, uma vez que a investigação não está concluída.

Trata-se de um homem de 61 anos, residente em São Paulo/SP. Traz o histórico de viagem para a Itália, na região da Lombardia (norte do país), à trabalho, sozinho, no período de 09 a 21 de fevereiro. Iniciou com sinais e sintomas (Febre, tosse seca, dor de garganta e coriza) compatíveis com a suspeita de Doença pelo Coronavírus 2019 (COVID-19). O paciente está bem, com sinais brandos e recebeu as orientações de precaução padrão.

A SES/SP e SMS/SP estão realizando a identificação dos contatos no domicílio, hospital e voo, com apoio da Anvisa junto à companhia aérea.

Todas as ações e medidas seguidas estão de acordo com os protocolos do Ministério da Saúde e da OMS e diariamente atualizações são informadas em coletivas e boletins epidemiológicos. Mais informações, acesse www.saude.gov.br/coronavirus”

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