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Cidades de fronteira concentram menos de 1% dos médicos brasileiros

Segundo Conselho Federal de Medicina, 34% dos municípios fronteiriços do país não possuem hospitais gerais para atender população

atualizado

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Os moradores das cidades de fronteira do Brasil estão mal assistidos em relação à saúde. Faltam hospitais e médicos, a despeito da alta incidência de algumas doenças. Segundo informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, recolhidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), apenas 3.869 médicos atendem a população distribuída nos 122 municípios brasileiros fronteiriços com outros países.

O número corresponde a 0,9% do total de profissionais em atividade no Brasil, pelas contas do conselho. Os dados foram apresentados pela instituição nesta terça-feira (3/4), durante evento para médicos que atuam em fronteiras, em Campo Grande (MS).

O total de enfermeiros, por sua vez, também é baixo: 3.309, ou 0,7% dos cadastrados no CNES atualmente. Os dentistas registraram aumento de 55% no número, nos últimos sete anos, mas ainda somam 1.726 profissionais – nada mais do que 0,6% dos odontólogos registrados pelo Conselho Federal de Odontologia.

Raros hospitais
Os profissionais se distribuem em precárias e poucas unidades de saúde. Segundo o CFM, dos 122 municípios fronteiriços do Brasil, apenas 80 possuem hospitais. Neles, estão em funcionamento 115 unidades hospitalares, número próximo ao total da cidade do Rio de Janeiro, com 125. Alguns deles – 27, pelos dados do CNES – nem sequer possuem leitos de internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Outros 33 tiveram sua estrutura médica reduzida entre 2011 e 2017.

Na avaliação de Dilza Ribeiro, coordenadora da Comissão de Médicos de Fronteira do CFM, mesmo sem demanda que justifique a manutenção de um hospital geral, é “imprescindível” a oferta de “condições mínimas de atendimento”. “Em muitos lugares, um paciente tem de esperar dois ou três dias por um transporte para levá-lo ao hospital mais próximo”, ressaltou na apresentação dos dados.

Ainda de acordo com o Conselho Federal de Medicina, entre 2011 e 2017, das cerca de 200 mil internações de moradores dessas cidades no período, aproximadamente 16 mil ocorreram fora da zona de fronteira. Assim, a população é obrigada a se deslocar para conseguir atendimento. Só no ano passado, dos quase 22,7 mil partos, 1,7 mil nascimentos também ocorreram longe da zona fronteiriça.

Doenças mais comuns
Os números mirrados de médicos e unidades de atendimento também se refletem na situação epidemiológica da região. Casos de tuberculose, por exemplo, foram registrados em 92 dos 122 municípios nos anos analisados.

Em 38 dessas localidades, a taxa de incidência por 100 mil habitantes ficou acima da média nacional (33,83, contra 29,1). Os municípios de Santa Rosa do Purus e Assis Brasil, ambos no Acre, e de Porto Velho, em Rondônia, foram os mais preocupantes: passaram dos 100 casos por 100 mil habitantes.

A hanseníase, já erradicada em alguns países, também deu as caras nas estatísticas do CFM. Apareceu em 70 cidades, com prevalência acima da média nacional de detecção em 60% delas. A situação mais grave foi a de Quaraí, no Rio Grande do Sul, com 100,43 casos por 100 mil habitantes.

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