CDC: máscara e restaurantes fechados impedem propagação do coronavírus

Relatório do órgão americano mostra queda de casos e mortes por Covid-19 onde a proteção é obrigatória e restaurantes estão fechados

06/03/2021 13:02, atualizado 06/03/2021 13:02

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Vera Davidova/Unsplash

1 de 1 91% avaliam que a máscara deve ser obrigatória enquanto a pandemia não estiver totalmente controlada - Foto: Vera Davidova/Unsplash

Uma pesquisa feita pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) sugere que o coronavírus se propaga mais onde restaurantes reabriram ou em locais em que a máscara não é obrigatória. O órgão analisou a relação entre estados que implementaram leis para obrigar o uso da proteção facial, locais em que refeições em restaurantes fechados ou ao ar livre estavam liberados e a taxa de infecções por Sars-Cov-2 e mortes ocorridas entre 1º de março de 2020 e 31 de dezembro do mesmo ano.

O cruzamento de dados mostrou que as infecções e mortes por Covid-19 diminuíram nos estados em que o uso de máscara era obrigatório. Em contrapartida, as infecções diárias aumentaram cerca de seis semanas depois que os estados permitiram que os restaurantes abrissem para jantares no local. Dois meses depois da liberação de refeições, as taxas de mortalidade também cresceram.

De 1º de março a 31 de dezembro de 2020, 2.313 (73,6%) dos 3.142 condados dos EUA emitiram mandados de uso obrigatório de máscaras. As leis foram associadas a uma redução de 0,5% nas taxas de crescimento de casos de Covid-19 diários nos primeiros 20 dias de implementação, segundo a pesquisa.

Quanto mais tempo se passou da implementação da lei que obriga o uso de máscara, maiores foram as taxas de queda de casos. De 20 a 40 dias depois, a diminuição foi de 1,1%. No intervalo de 41 a 60 dias, houve queda de 1,5%, seguida de 1,7% de diminuição entre os 61 e 80 dias seguintes à lei e 1,8% para o intervalo de 81 a 100 dias.

Com relação às taxas de crescimento de mortalidade diárias, o uso de máscara foi associado a uma redução de 0,7% nos primeiros 20 dias de implementação da lei, seguido de quedas de de 1%; 1,4%; 1,6% e 1,9% para os períodos de 21 a 40 dias; 41–60; 61–80 e 81–100 dias após a implementação da orientação, respectivamente.

Permitir refeições no local em restaurantes foi associado a 0,9% de aumento na taxa de crescimento de casos no intervalo de 41 a 60 dias; 1,2% para o período de 61 a 80 dias e 1,1% entre 81 a 100 dias. Depois que as restrições foram suspensas, a taxa de crescimento de mortalidade entre 61 a 80 dias e 81 a 100 dias aumentou, respectivamente, 2,2% e 3%.

Críticas

Na sexta-feira (5/3), a National Restaurant Association, que representa um milhão de restaurantes e estabelecimentos de alimentação norte-americanos, criticou o estudo do CDC. A organização classificou o relatório como um “um ataque mal informado à indústria mais atingida pela pandemia”. Isso porque, segundo a associação, os pesquisadores não analisaram outros setores empresariais ou políticas governamentais que podem ter contribuído para o aumento de infecções e mortes por coronavírus.

“Se uma correlação positiva entre vendas de sorvete e ataques de tubarão for encontrada, isso não significa que o sorvete causa ataques de tubarão”, disse a associação em um comunicado.

Na última terça-feira (2/3), o estado do Texas e do Mississippi rescindiram a obrigatoriedade do uso de máscaras e reabriram estabelecimentos comerciais e escolas. Até agora, os Estados Unidos contabilizam 28.937.218 casos de infecções por coronavírus e 522.511 mortes.