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Cannabis: Anvisa aprova primeiro remédio com teor de THC acima de 0,2%

Fitoterápico é o primeiro com THC ativo, indicado para o alívio de dores crônicas, transtornos neurocognitivos e estímulo do apetite

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso e comercialização no Brasil do primeiro produto derivado de cannabis medicinal com concentração de THC acima de 0,2%. Trata-se do Extrato de Cannabis sativa GreenCare (160,32 mg/ml). Este é o 16º produto à base de cannabis aprovado pela Anvisa.

A autorização foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (9/5). O fitoterápico será oferecido em forma de solução, com 20 mg/ml de canabidiol (CBD) e cerca de 0,2% de tetrahidrocanabinol (THC).

Até então, a Anvisa aprovava apenas a comercialização de produtos com THC residual (até 0,2%). A nova regulamentação autoriza um marcador ativo, com sua função prevista.

“A diferença nas concentrações é importante, pois possibilita alternativas terapêuticas diferenciadas para o atendimento, considerando a diversidade de indicações e perfis de pacientes”, explica o CEO da empresa, Martim Prado Mattos.

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A Cannabis, também conhecida como planta da maconha, tem origem asiática repleta de polêmicas. Socialmente marginalizada, sob a luz da ciência, no entanto, apresenta potencial medicinal para tratar diversas patologias
Segundo especialistas, a cannabis tem substâncias, como os canabinoides, capazes de agir e desencadear reações em diversas áreas do corpo, como o cérebro
A cannabis apresenta três espécies: ruderalis, indica e sativa, sendo as duas últimas as mais populares. No caso da sativa, pode-se ainda destacar o canabidiol, que tem efeito relaxante e, por isso, é utilizado com fins terapêuticos
Além do canabidiol, na cannabis sativa é possível encontrar tetrahidrocanabidiol, substância com capacidade de gerar sensações de prazer, alívio, euforia, entre outras
Na indústria farmacêutica, as propriedades da cannabis podem funcionar como anticonvulsivo, analgésico e sedativo no tratamento de doenças, tais como: epilepsia, esquizofrenia, esclerose múltipla, Parkison e dores intensas
Por esses motivos, cada vez mais países têm regulamentado o uso da substância para tratamento de enfermidades, apesar de muitos ainda proibirem a utilização da cannabis para fins recreativos
Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Itália, Espanha, Bélgica, Portugal, entre outros países europeus, permitem, com regras próprias, a utilização da maconha para uso medicinal
Na América Latina, países como Argentina, Uruguai, Colômbia, Jamaica, Equador e México, por exemplo, também liberam a cannabis para fins medicinais e terapêuticos
Cada estado define as especificidades em torno da utilização da maconha medicinal, mas, no geral, as autorizações funcionam de duas maneiras: permissão apenas para uso terapêutico e medicinal ou liberação também para uso recreativo
No Brasil, a Anvisa permite a importação e o uso da substância em alguns remédios desde 2014. Até então, as plantas ainda precisavam ser trazidas do exterior. No entanto, em 2021, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 399/2015, que autorizou o cultivo de Cannabis sativa no Brasil para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais
Por aqui, para realizar a compra de medicamentos ou produtos derivados de cannabis (ambos com fins medicinais) é necessário ter prescrição médica. Além disso, é preciso ter condições para adquirir os produtos, uma vez que o valor a ser desembolsado pode alcançar quatro dígitos

De acordo com a head de marketing da GreenCare, Andrea Chulam, os principais beneficiados serão os pacientes com condições que provocam dor crônica, como a fibromialgia; dores oncológicas; e transtornos neurocognitivos, como demência e Alzheimer. O composto também é indicado para estimular o apetite de pessoas com câncer e HIV.

“São doenças que têm urgência e não podem esperar. Quando se tem uma primeira formulação dessa no mercado, com acesso, você consegue atender mais patologias”, afirma Chulam.

A expectativa da GreenCare é que o produto fabricado na Colômbia chegue ao Brasil dentro de seis meses. A Anvisa pondera que o uso deve ser indicado pelo médico que atende o paciente, com avaliação individual de cada caso.

Veja a lista de produtos à base de cannabis aprovados pela Anvisa:

  • Canabidiol Active Pharmaceutical (20 mg/ml);
  • Canabidiol Prati-Donaduzzi (20 mg/ml; 50 mg/ml e 200 mg/ml);
  • Canabidiol NuNature (17,18 mg/ml);
  • Canabidiol NuNature (34,36 mg/ml);
  • Canabidiol Farmanguinhos (200 mg/ml);
  • Canabidiol Verdemed (50 mg/ml);
  • Canabidiol Belcher (150 mg/ml);
  • Canabidiol Aura Pharma (50 mg/ml);
  • Canabidiol Greencare (23,75 mg/ml);
  • Canabidiol Verdemed (23,75 mg/ml);
  • Extrato de Cannabis sativa Promediol (200 mg/ml);
  • Extrato de Cannabis sativa Zion Medpharma (200 mg/ml);
  • Extrato de Cannabis sativa Alafiamed (200 mg/ml);
  • Extrato de Cannabis sativa Greencare (79,14 mg/ml);
  •  Extrato de Cannabis sativa Greencare (160,32 mg/ml) e
  • Extrato de Cannabis sativa Ease Labs (79,14 mg/ml).

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