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Câncer transmissível em mariscos se espalha e intriga cientistas

Tipo de células cancerosas atingem espécies diferentes. Especialistas alertam, no entanto, que doença não afeta seres humanos

atualizado

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Phanie Gasquet
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1 de 1 moluscos-6 - Foto: Phanie Gasquet

Cientistas descobriram um tipo de câncer transmissível em colônias de mariscos, separadas por milhares de quilômetros de água, que está se espalhando pelo Oceano Atlântico e até o Pacífico.

O estudo, publicado por pesquisadores da Universidade de Columbia na revista científica eLife, pode ajudar a entender melhor como ocorre a metástase do câncer em outros organismos.

“Existem paralelos entre como o câncer se espalha no oceano e como as células cancerígenas se metastatizam nos seres humanos”, diz Stephen P. Goff, um dos autores do estudo. “Aprender mais sobre o câncer contagioso em moluscos pode nos ajudar a encontrar maneiras de impedir a disseminação metastática de tumores para novos locais no corpo.”

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Os especialistas explicam que este tipo de câncer é raro e que só foram observados em três animais: demônios da Tasmânia, cães e mariscos.

Nos cães e demônios da Tasmânia, as células cancerígenas são transmitidas a outros membros das espécies por mordidas e sexo. Nenhum dos cânceres pode ser transmitido aos seres humanos, segundo a pesquisa.

Em quatro espécies distintas de amêijoas, um tipo de marisco, os estudiosos descobriram que as células podiam viajar através da água do oceano de um molusco para outro, e espalhar a doença.

Identificaram também que algumas podem “infectar” uma espécie diferente de molusco.

Com a colaboração de biólogos marinhos da América do Sul e Europa, eles encontraram casos semelhantes de câncer contagioso em diferentes espécies de mexilhão ao longo da costa da Argentina, Chile, França e Holanda. Em algumas colônias de mexilhões, o câncer era tão contagioso que infectou 13% da população.

Os “clones” do câncer se espalharam para espécies de mexilhões muito diferentes das espécies em que o câncer surgiu pela primeira vez.

Os cientistas suspeitam que as células cancerígenas tenham sido levadas de um oceano a outro pelos mexilhões que se ligam aos cascos dos navios, transmitindo a doença para novas regiões.

E podemos consumir?

Segundo os cientistas, é absolutamente liberado o consumo desses frutos do mar. “Os cânceres são específicos para os moluscos e não parecem representar um perigo para os seres humanos que os comem”, diz a pesquisa.

Nos seres humanos, o câncer se origina no corpo de uma pessoa e, tanto quanto sabemos, não pode se espalhar para outras pessoas, exceto em casos raros, como por meio de transplantes de órgãos ou durante a gravidez.

Os pesquisadores acreditam que os moluscos são mais propensos ao câncer transmissível porque vivem no oceano, onde células malignas podem viajar facilmente.

Esses animais comem bombeando e filtrando grandes quantidades de água e possuem um sistema imunológico muito limitado que pode não ser capaz de bloquear a transmissão.

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