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Após curar câncer de mama, psicóloga foi mãe aos 48 anos

Gislene descobriu nódulo no seio quando iniciava reprodução assistida. Ao encerrar tratamento contra o tumor, retomou o projeto de ser mãe

atualizado

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Arquivo Pessoal/Reprodução
gislene e clara alves
1 de 1 gislene e clara alves - Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução

A psicóloga Gislene Alves, de 54 anos, sempre quis ter filhos. Porém, com a vida corrida, foi adiando o sonho e também o casamento: subiu ao altar aos 44 anos. Ela e o marido decidiram fazer tratamento para engravidar um ano depois da união.

“Fiz todos os preparativos antes, mamografia, vários exames, deu tudo certo, tudo normal. Mas não engravidei. Cerca de 10 meses depois, fui fazer os testes para mais uma rodada, e descobri um nódulo no peito”, lembra.

A psicóloga interrompeu o processo de fertilização para passar pelo tratamento do câncer. Patrícia Werlang, coordenadora do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia e especialista em câncer de mama, explica que a quimioterapia e o bloqueio hormonal – a hormonioterapia – são procedimentos que dificultam a gestação.

A quimioterapia pode colocar a mulher na amenorreia, que é quando ela para de ovular. Já o hormônio pode antecipar a menopausa, encerrando a capacidade reprodutiva“, esclarece a médica.

Também não se recomenda a reprodução assistida em pacientes que estão tratando câncer, uma vez que o estímulo ovariano é feito com hormônios que podem causar recidiva da doença.

“Se já tem congelado, como era o caso da Gislene, é muito mais fácil, é só implantar. A gente sempre estimula que a paciente considere a possibilidade de ter filhos antes de começar o tratamento“, diz Patrícia.

Sonho realizado

Um ano depois do fim do tratamento, Gislene e o marido decidiram retomar o projeto de serem pais, usando os embriões fertilizados e congelados antes do câncer.

Ela pausou o bloqueador hormonal (que deve ser tomado de cinco a sete anos após a quimioterapia) para implantar os óvulos. Já na primeira rodada, o processo deu certo.

“Hoje, tenho uma pequena de 4 anos, a Clara. Tem sido excelente, fantástico, incrível. Minha gestação foi supersaudável, brinco que tem menina de 18 anos que sofre mais. É tão bom que tentei engravidar de novo, com os embriões que sobraram, mas não deu certo”, conta a psicóloga.

Gislene explica que o único impasse foi não ter conseguido amamentar a filha. Ela fez a cirurgia de quadrante na mama, um procedimento menos radical do que a mastectomia, mas nenhum dos dois seios produziu leite. Clara tomou suplemento alimentar e nunca teve nenhuma complicação de saúde.

A oncologista Patrícia diz que, nesses casos, o contratempo é a radioterapia, que atrofia os dutos e algumas estruturas das glândulas mamárias, diminuindo a capacidade de produção de leite. “Mas o problema nas duas mamas não é algo que acontece com todo mundo. Em geral, a outra ainda produz leite”, detalha.

Acompanhamento de rotina

O câncer de Gislene já é considerado controlado. Cinco anos depois, ela não toma mais o bloqueador hormonal e faz apenas exames anuais como qualquer pessoa saudável deve fazer. “Já recebi minha declaração de cura e, aparentemente, não tenho mais risco de o câncer retornar”, celebra.

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