Além da Covid-19: veja outras doenças que o uso de máscaras previne

Hanseníase, resfriado, H1N1 e sarampo são algumas das muitas enfermidades evitáveis pelo uso do acessório

Glaucia Chaves
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Diversos especialistas alertam que, por causa do avanço do coronavírus pelo mundo, precisaremos usar máscara por muito tempo ainda. O lado positivo desse novo hábito é que ele ajuda a nos proteger contra outras muitas doenças além da Covid-19. Gripe, H1N1, o vírus sincicial respiratório e a hanseníase são alguns dos muitos perigos que se escondem no ar que respiramos e que podem ser barrados pelo acessório.

João Pessoa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), explica que a máscara é útil para preservar o corpo principalmente contra doenças virais respiratórias e sistêmicas, já que esse tipo de enfermidade é transmitida por meio de gotículas de saliva, também chamadas de perdigotos, que ficam suspensas no ar.

A transmissão de todas as formas de gripe também pode ser evitada com o uso de máscaras. Segundo João Pessoa, quatro cepas de coronavírus e outros 60 tipos de vírus causam resfriados, todos podem ser prevenidos pelas máscaras.

Segundo a médica sanitarista Bernadete Peres, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), antes da pandemia de coronavírus, era comum associar o uso de máscaras de proteção somente a trabalhadores expostos a agentes físicos, químicos e biológicos.

“O surgimento de várias infecções, especialmente as com poder pandêmico e de rápida disseminação, mudaram hábitos de alguns países, especialmente os orientais, que já estão acostumados com a máscara”, completa Bernadete. A especialista recomenda o uso sempre que houver possibilidade de contato direto ou exposição a gotículas ou aerossóis que possam atingir olhos, nariz, nasofaringe, rinofaringe, boca e garganta.

Além de doenças, Ricardo Heinzelmann, médico de família e comunidade, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, mestre em epidemiologia pela UFRGS observa que a máscara pode aumentar a proteção contra os poluentes do ar. “A máscara não veda 100% a respiração desses poluentes. Entretanto, parcialmente, reduz a carga de poluição”, detalha. “Nesse sentido, podemos citar diversas rinites alérgicas, que a partir do uso da máscara, têm o quadro reduzido.”

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Com o tempo, a tendência é que as máscaras tornem-se ainda mais específicas e eficazes. Um exemplo é a Vesta, uma máscara modelo N95 aprimorada com tela capaz de inativar o coronavírus. Criada por Suélia Fleury Rosa, professora da Universidade de Brasília (UnB) e do programa de pós-graduação em engenharia biomédica da Faculdade do Gama (FGA), o equipamento de proteção é composto por três camadas, uma delas fabricada a partir de um polímero encontrado na casca de crustáceos.

De acordo com a pesquisadora, o item de proteção tem como objetivo impedir doenças infecciosas que se disseminam pela contaminação do ar. A máscara ainda está na fase de ensaios clínicos, etapa anterior ao pedido de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “A ideia é garantir segurança não só contra doenças, mas contra poeira, fumo, vapor orgânico, contaminantes ambientais, névoas contaminadas, partículas líquidas, partículas sólidas e oleosas, além de agentes biológicos como vírus e bactérias”, enumera Suélia.

Veja algumas outras doenças, além da Covid-19, que podem ser prevenidas pela máscara:

Mononucleose, a “doença do beijo”
A mononucleose infecciosa é uma doença viral que se transmite, principalmente, pelo contato com a saliva do indivíduo contaminado e que causa sintomas como febre, dor de cabeça, dor e inflamação da garganta, inchaço das ínguas, especialmente do pescoço, placas esbranquiçadas na garganta e na boca, cansaço intenso e aumento do baço.

Hanseníase
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a hanseníase é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. A transmissão ocorre quando há contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz de pacientes que não se estão em tratamento.

Sarampo
De acordo com João Pessoa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), o sarampo é uma das doenças mais contagiosas já registradas. A estimativa é que uma pessoa contaminada transmita a enfermidade para outros 20 indivíduos. Para efeito de comparação, o mais recente monitoramento do Imperial College de Londres, no Reino Unido, aponta que a taxa de transmissão do coronavírus no Brasil está em 1,08 – o que significa que cada infectado passa a doença adiante para menos de duas pessoas.

Hantavirose
A doença é causada pelo hantavírus, que fica incubado em algumas espécies de roedores silvestres e pode causar problemas graves, como a Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH). A transmissão para o homem ocorre pelo contato humano com fezes, saliva ou urina dos animais.

“Em locais de baixíssima higiene, as partículas contaminadas podem entrar em suspensão”, explica o virologista João Pessoa. “A pessoa vai varrer a casa, por exemplo, e faz com que essas partículas com o vírus entrem em suspensão”. Ao aspirá-las, corre o risco de se contaminar.

Adenovírus
O grupo de vírus denominado adenovírus pode causar diversas doenças respiratórias, entre elas o resfriado comum, a conjuntivite, a crupe (doença inflamatória dos tratos respiratórios superior e inferior), a pneumonia e a bronquite. Os adenovírus podem causar infecções respiratórias e/ou do trato intestinal, com sintomas como tosse, coriza, febre, diarreia, vômitos e coriza. A transmissão se dá pelo contato com os vírus, seja pelo ar, por objetos contaminados ou pela higiene insuficiente (contato fecal-oral).

Vírus sincicial respiratório
Este tipo de vírus é um dos principais responsáveis por problemas respiratórios em bebês de zero a 2 anos e pode ser fatal em crianças prematuras. É considerado sazonal, ou seja, circula em cada região numa determinada estação do ano — no Centro-Oeste, sua temporada é a partir de fevereiro. Também transmitido pelo contato com secreções, o vírus sincicial respiratório pode causar pneumonia e bronquiolite.

Rinovírus
Os vírus da família rinovírus são os principais causadores do resfriado, junto com os vírus parainfluenza e o vírus sincicial respiratório (VSR). Estima-se que existam mais de 100 sorotipos de rinovírus diferentes. Além do contato direto, as infecções causadas por rinovírus ocorrem por aerossóis de partículas grandes.

Caxumba
A doença infecciosa é causada pelo vírus da família Paramyxoviridae. A caxumba pode ser transmitida por via aérea, por meio das gotículas de saliva da pessoa contaminada, e se instala nas glândulas salivares, causando inchaço entre a orelha e o queixo, além de dor no rosto.

Sarampo
Altamente contagioso, mas de fácil prevenção (a vacina é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde), o sarampo gera sintomas como febre, tosse persistente, corrimento nasal e conjuntivite, com pequenas manchas avermelhadas que começam perto do couro cabeludo e depois vão descendo e se espalhando pelo corpo.

H1N1
Também chamado de influenza H1N1, gripe H1N1, influenza A e de vírus H1N1, esse tipo de vírus é uma variação do vírus da gripe responsável pela gripe suína. Além de ser transmitido pelo contato com secreções de pessoas contaminadas, também pode estar presente no ar. Se não tratada, a gripe H1N1 pode, em casos mais graves, levar a óbito.

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