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Ela Disse exalta o poder do jornalismo com caso que originou o #MeToo

Com estreia nesta quinta (8/12), Ela Disse traz os bastidores da reportagem que revelou abusos sexuais cometidos por um figurão de Hollywood

atualizado

YouTube/Reprodução
As atrizes Carey Mulligan e Zoe Kazan, em cena como as personagens Megan Twohey e Jodi Kantor do filme Ela Disse - Metrópoles

Em 2017, duas jornalistas do The New York Times revelaram uma série de abusos sexuais cometidos por um dos figurões de Hollywood, Harvey Weinstein. Agora, os bastidores da notícia que originou o movimento #MeToo – onde mulheres vítimas de assédio relataram seus traumas nas redes sociais –, chega aos cinemas, nesta quinta-feira (8/12), com a estreia do filme Ela Disse.

Filmado dentro da redação do jornal norte-americano (esvaziada durante a pandemia de Covid-19), Ela Disse traz as atrizes Carey Mulligan (Bela Vingança) e Zoe Kazan (Doentes de Amor) no papel das repórteres Megan Twohey e Jodi Kantor, respectivamente. O cenário real e as atuações precisas apontam, logo no início, para o tom quase documental escolhido pela diretora Maria Schrader para a produção.

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Apesar de tratar de uma investigação vencedora do prêmio Pulitzer, o filme começa narrando uma denúncia feita pelo jornal meses antes, mas que não gerou a mesma repulsa na população: as acusações de assédio contra o então candidato à presidência dos EUA, Donald Trump. Assim como na vida real, a repórter Megan Twohey convence Rachel Crooks a falar oficialmente sobre o caso, mas a repercussão da matéria não impede a eleição de Trump e ainda finda em diversos ataques à vítima e à jornalista.

Instigados pelo debate sobre abusos contra mulheres dentro de ambientes coorporativos os editores Rebecca Corbett, interpretada por Patricia Clarkson, e Dean Baquet, vivido por Andre Braugher, decidem ampliar a investigação e convocam Jodi Kantor para a missão. A partir daí, a produção mergulha de cabeça na rotina extenuante do jornalismo compromissado com a verdade e a vontade de mudar o mundo.

A dificuldade de encontrar fontes, de convencer vítimas a relatarem seus traumas, de angariar provas e documentos irrefutáveis… Da coragem de bater de frente com poderosos até a angustiante busca pelo texto perfeito, esclarecedor e sensível o suficiente para que o leitor compreenda o tamanho do problema. Está tudo em Ela Disse. Jornalistas, com certeza, vão se identificar com cada gesto e troca de olhares entre as repórteres que se veem diante de um beco sem saída.

Para quem não conhece o dia a dia de um jornal e não tarda em julgar os profissionais do ramo, o filme também presta importante serviço: prova que jornalistas, antes de tudo, são gente. Dramas pessoais de Megan e Jodi, como conciliar a carreira (sem horário fixo) com a maternidade e a depressão pós-parto, promovem cenas emocionantes.

Por fim, o longa cumpre a missão proposta ao colocar os dolorosos relatos das vítimas como protagonistas do filme. A Harvey Weinstein, em contrapartida, é reservado às sombras. O rosto do criminoso não aparece em nenhuma cena. Em Ela Disse, a única coisa que importa é que as vítimas finalmente tenham voz.

Avaliação: Excelente

Veja o trailer de Ela Disse






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