Ônibus de caravana golpista de Bauru não tinha autorização para viajar

Ônibus utilizado para caravana que viajou de Bauru até Brasília para atos golpistas não tinha licença de viagem na ANTT para o ano de 2023

Juliana Arreguy
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São Paulo O ônibus utilizado em uma caravana golpista que partiu de Bauru, no interior paulista, com destino a Brasília, no último fim de semana, não poderia ter pego a estrada.

O veículo, que viajou no sábado (7/1) para levar um grupo de bolsonaristas que participou dos atos de domingo (8/1), estava sem licença na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para rodar em 2023.

A organizadora da caravana, Fátima Pleti, foi presa e transferida para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia.

Inicialmente, a programação previa que o grupo chegasse em Brasília no domingo (8/1) e retornasse a Bauru nesta quarta-feira (11/1).

Em nota enviada ao Metrópoles, a ANTT declarou que o veículo utilizado para a viagem, embora tenha licença para transporte interestadual de passageiros, não possuía autorização vigente para realizar viagens em 2023.

“Apesar do veículo possuir habilitação para realizar o transporte interestadual de passageiros, o veículo não possuía licença de viagem emitida para esse ano, portanto, a viagem não poderia ocorrer”, diz a agência em nota.

O veículo é um ônibus G7, de prefixo 2015, da empresa Beto Turismo. Procurada, a empresa não retornou o contato feito pela reportagem.

Semi leito e ar-condicionado

Sediada em Jaú, a Beto Turismo fica a menos de 60 km de Bauru, de onde partiu a caravana. No site da companhia não há valores disponíveis para consulta do aluguel de transportes, mas é possível pedir a cotação por e-mail.

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Fátima entre Tarcísio de Freitas e Marcos Pontes durante a campanha eleitoral de 2022
Fátima ao lado de Luiz Carlos Valle, para quem trabalhou durante a campanha
Fátima e a prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriota)
Grupo no Graal antes de viagem a Brasília
Ônibus deixou Bauru com destino a Brasília na noite de sábado (7/1)
Caravana viajou mais de 900 km para participar de atos golpistas

 

O ônibus utilizado pelo grupo liderado por Fátima Pleti, uma das mais de 600 pessoas presas por participação nos atos, é um modelo semi leito, cuja poltrona é mais larga e de maior inclinação que a de um assento numa viagem da categoria convencional ou mesmo executiva.

Além disso, o veículo conta com ar-condicionado, refrigerador, wi-fi e televisão. O preço médio de um passagem convencional de ônibus de Bauru a Brasília é cerca de R$ 360. Inicialmente, Fátima cobrou R$ 350 por pessoa para os interessados em integrar a caravana. O ônibus tem 42 lugares.

Dois dias depois de divulgar que a viagem seria paga, Fátima anunciou que o transporte seria gratuito e que levaria pães, frios, água e refrigerantes no ônibus. Mais de 900 km de estrada separam Bauru e Brasília, em viagem com duração de mais de doze horas.

Não se sabe, ainda, quem financiou a caravana e o aluguel do ônibus, algo que as autoridades e a Polícia Federal estão tentando descobrir. Nesta quinta-feira (12/1), a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça Federal do Distrito Federal que faça o bloqueio de bens de 52 empresários e sete empresas que atuaram no financiamento de transportes para os atos golpistas.

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