Aumento de casos de assalto na capital vira desafio para governo de SP

Com aumento de 12% nos casos de assalto na capital paulista em 2022, governo de SP já admite estar com sinal de alerta ligado

Felipe Resk
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São Paulo – Um homem estaciona a moto na entrada do restaurante, nas imediações da Rua Oscar Freire, área famosa por reunir lojas luxuosas e as grifes mais badaladas na capital paulista. Sem tirar o capacete, ele anuncia o assalto, usa a arma de fogo para render os funcionários e foge em seguida.

 

As cenas do vídeo acima, registrado em março de 2022, têm se tornado mais frequentes na capital paulista e já preocupam o governo de São Paulo. Dados oficiais divulgados na quinta-feira (26/1) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) apontam que as ocorrências de roubo estão em alta na cidade e atingiram o maior patamar desde 2017.

Segundo o balanço consolidado, a cidade registrou um total de 143.936 roubos em 2022, índice 12% superior a 2021 e maior mesmo comparado ao período antes da pandemia de Covid-19. Em 2021, haviam sido 128.589 casos notificados. Em 2019, 141.134. Furtos, roubos de veículo e extorsões mediante sequestro também subiram.

Com o aumento desse tipo de ocorrência, mais acentuado na capital, a própria gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) admite estar com o sinal de alerta ligado. O governo, que assumiu o Estado em janeiro de 2023, também já enfrenta o problema com crimes patrimoniais após o registro de pelo menos três arrastões em Santa Cecília, no centro, e quadrilhas do golpe do Pix.

“Já imaginávamos encontrar um cenário com uma tendência acentuada de crescimento não só na capital mas no Estado de São Paulo”, declarou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. “Algumas ações estratégicas já foram tomadas para que, além de parar a curva de crescimento, esses números possam diminuir.”

Centro e bairros nobres

No centro e em bairros nobres da cidade, a alta observada em 2022 chega a ser ainda maior. É o caso do 14º Distrito Policial (Pinheiros), na zona oeste, que viu a quantidade de roubos explodir de 2.003 para 3.356 (67,5%) no ano passado. Já no 1º Distrito Policial (Sé), região com comércios e maior circulação de pessoas, o salto foi de 2.923 para 4.817 (64,7%).

 

Na Rua Mateus Grou, em Pinheiros, câmeras da Gabriel, startup de tecnologia aplicada à segurança, chegaram a flagrar dois assaltos à mão armada em menos de 24 horas no mês de abril de 2022.

Em uma das ocorrências (vídeo acima), um falso entregador de delivery aborda um rapaz que caminhava com o cachorro, chega a atirar para cima e corre atrás da vítima pela quadra. Horas depois, um casal de pedestres também é assaltado e perseguido (vídeo abaixo).

 

Para frear as ocorrências, o plano do governo Tarcísio aposta em operações de repreensão e deslocamento de policiais militares para áreas com maior incidência criminal. O secretário Guilherme Derrite, no entanto, admite que o número atual de agentes de segurança não seria suficiente para “evitar que todos esses crimes cessem de uma hora para outra”.

“Ninguém está aqui para tapar o sol com a peneira, nós herdamos a pior defasagem do efetivo policial da história de São Paulo”, afirma o chefe da SSP, que defende um pacote de contratações emergenciais. “Estamos trabalhando com efetivo com defasagem de 15% da Polícia Militar, o que representa mais de 10 mil homens, 25% da Polícia Técnico-Científica e quase 33% da Polícia Civil.”

Guilherme Derrite

Policiamento ostensivo

Segundo Derrite, com o quadro atualmente disponível, é necessário escalar agentes que trabalham na folga, no chamado “bico oficial”, para fazer o policiamento ostensivo.

“No planejamento operacional da PM, estamos deslocando efetivo do Dejen (Diária Extraordinária para Jornada Especial) para esses locais que estão apresentando vulnerabilidade um pouco maior, em especial onde tem bares e restaurantes”.

Outra iniciativa que Derrite destaca é a Operação Impacto que, em uma semana no Estado, prendeu uma pessoa a cada sete minutos. “Em 2022, tínhamos uma média de 25 armas de fogo apreendidas. Hoje, são 40 armas de fogo. Eram 222 prisões em flagrante por dia. Agora, são 256”, afirma. “O reflexo disso, a gente vai ver daqui a dois meses. Certamente (os registros de crimes) vão cair por conta da produtividade operacional.”

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