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Religando as pontas da representação política

Depende da sociedade se movimentar para mudar a situação do Brasil

Autor Glauco Humai

atualizado

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Plenário 25.10.1
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Na semana que passou, o Congresso Nacional voltou a dar provas de sua desconexão com a sociedade brasileira. Num dia, salvou o mandato de um parlamentar condenado pela mais alta Corte do país; no outro, privou, pela segunda vez, a opinião pública poderia do esclarecimento das suspeitas que pairam sobre presidente da República.

Esse tipo de comportamento corporativista, que parece ter se tornado regra na política tradicional, é fruto de um longo processo de afastamento entre as duas pontas da representação. Se de um lado temos cidadãos que compreendem o exercício da política como uma obrigação enfadonha e periódica à qual comparecem a cada quatro anos – passível, inclusive, de ser negociada por algum benefício pessoal –, o que esperar do outro lado, a não ser a formação de um nicho de oportunistas?

É contra esse ciclo vicioso – e viciado – que o “Agora!” se apresenta ao debate. Acreditamos que, se estamos incomodados, depende de nós, a sociedade civil, fazer com que essas duas pontas da representação voltem a estar conectadas. E a participação é o único antídoto possível diante da mesmice na política e do ceticismo que advém dela. Contra o conformismo reinante, queremos ressignificar a frase clichê: “O povo tem os representantes que merece”.

Quando eu e os outros 49 cofundadores do movimento começamos a falar do assunto, logo após o Fórum Econômico Mundial de 2016, na Colômbia, o que nos unia era o espírito de indignação e a ausência de perspectivas dos brasilienses – observada em inúmeras oportunidades que temos tido de conversar sobre os problemas da cidade. Com as ferramentas que tínhamos, precisávamos sair da queixa e estimular outras pessoas a fazerem o mesmo.

Uma ferramenta importante que temos é a reconhecida experiência acadêmica e a prática na gestão de entidades, públicas ou privadas, nas quais lidamos diariamente com os principais problemas que afligem a população. Nos nossos quadros, temos diretores de ONGs ligadas à educação, à segurança, à saúde, à tecnologia, à cultura e ao meio ambiente.

Em contato com o público há anos, nós entendemos que as velhas práticas de gestão não produzem mais resultados satisfatórios. O que não é de se espantar. Desde a década de 1980, passeiam, pelos corredores de Brasília, praticamente as mesmas figuras. No fim das contas, a cultura que prevalece não mudou. Falta oxigênio. Já as nossas propostas de renovação se baseiam na observação de experiências positivas de parcerias entre universidades, governos e sociedade, no Brasil e no exterior, para resolver problemas específicos.

Essas propostas passam por alguns princípios. Acreditamos que a profissionalização e a modernização da coisa pública são essenciais. A nosso ver, os avanços tecnológicos podem e devem ser usados a favor de um Estado mais ágil, com políticas públicas mais eficazes, especialmente aquelas voltadas para a redução da desigualdade social. Defendemos uma reforma tributária que não penalize os mais pobres. Somos contra a polarização do debate entre esquerda e direita, que privilegia o embate pessoal em detrimento da construção coletiva.

Consideramos nossa obrigação participar dessa construção. Queremos ser um instrumento de influência e de ação nos governos, seja em cargos eletivos ou nos de administração. Não pretendemos transformar o “Agora!” num partido político, mas temos a meta de lançar 30 candidatos pluripartidários em legendas com propostas semelhantes às nossas.

O “Agora!” acredita que é essencial aprofundar o diálogo com a sociedade. Sem ele nos tornaríamos reprodutores do mesmo vício que queremos combater. Assim, no dia 30 de outubro, estaremos, eu e o cientista político Leandro Machado, também cofundador do movimento, no auditório do Instituto de Ciência Política da UnB, a partir das 10h30.

Queremos conversar sobre participação, compartilhar a experiência de fundação do movimento, apresentar nossas ideias, esclarecer dúvidas e ouvir sugestões da comunidade brasiliense. Esperamos encontrar lá todos os cidadãos comprometidos com a mudança Agora!

  • *Glauco Humai é cofundador do Movimento Agora! em Brasília, formado em Ciência Política e Relações Internacionais pela UnB e especialista em Gestão Sustentável de Empresas pela Harvard Business School. Atualmente, preside a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

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