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Paradigma para o desenvolvimento e a produção de vacinas contra a Covid no Brasil

Em que pese as fundamentais questões regulatórias brasileiras, a produção verticalizada de vacinas contra a Covid-19 é um importante avanço

Presidente da União Química, Fernando Marques

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Cientista em laboratório
1 de 1 Cientista em laboratório - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A Covid-19 pegou o mundo de surpresa e, infelizmente, já ceifou a vida de milhares de pessoas. No nosso país, com enorme tristeza e pesar, já perdemos aproximadamente 600 mil brasileiros e brasileiras vítimas da pandemia.

Todo o planeta, sem exceção, sofre diariamente com os impactos socioeconômicos negativos advindos da pandemia. Esses impactos ainda não foram totalmente compreendidos, e é igualmente difícil prever o que acontecerá quando as atuais restrições e procedimentos forem removidos e como as sociedades em todo o mundo irão se recuperar.

No início da pandemia não existia uma “ receita pronta“ de ações ou respostas efetivas para o seu combate. A novidade, complexidade e gravidade da Covid-19 suscitaram a adoção de um conjunto de ações prioritárias para o tratamento dos infectados, a redução dos níveis de contágio e o desenvolvimento — a curtíssimo prazo e sem precedentes na história – de pesquisas clínicas globais de insumos, medicamentos e vacinas para combater a Covid-19.

O desenvolvimento de vacinas no mundo será dividido em antes e depois da pandemia da Covid-19. Nesse contexto, cabe registrar que o período mais rápido que qualquer vacina já havia sido desenvolvida, desde a amostragem viral até a sua aprovação pelas autoridades regulatórias internacionais de saúde, foi de quatro anos, para caxumba, na década de 1960.

Quanto ao histórico de produção e desenvolvimento de biológicos e vacinas no Brasil recomendo a leitura de um detalhado e minucioso estudo realizado pela dra. Maria Alice Rosa Ribeiro, da Unicamp, intitulado “ A Indústria Farmacêutica na era Vargas. São Paulo 1930-1945”.

Essa fantástica investigação histórica nos ajuda a entender por que o Brasil não teve a mesma capacidade técnico-científica e rapidez no desenvolvimento e produção de um imunizante contra a Covid-19, tais como EUA, Rússia, Reino Unido e China, que já desenvolveram vacinas contra o novo coronavírus, desde o último trimestre de 2020.

O referido estudo também é um importante instrumento de pesquisa para nossa reflexão a respeito do caminho que o país escolheu ao concentrar sua produção de vacinas humanas apenas em torno de laboratórios públicos ou estatais, abrindo mão da qualidade técnica, eficiência e capacidade de produção em larga escala do setor privado nacional neste setor.

Nossa empresa, que completa este ano 85 anos de vida, decidiu, em 2017, fazer investimentos tanto no desenvolvimento de produtos biológicos quanto na produção. Naquele mesmo ano, inauguramos a BThek, localizada em Brasília-DF, que, em razão de sua alta tecnologia e equipamentos inovadores, já produz o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) de uma vacina contra a Covid-19, a Sputnik V, do Instituto Gamaleya da Federação Russa. Vale ressaltar que, em março deste ano, recebemos a autorização da Anvisa para produção da Sputnik V em nossa unidade biológica de Guarulhos (SP).

Em que pese as fundamentais questões regulatórias brasileiras, coordenadas com competência pela Anvisa — que ainda analisa a aprovação do uso da Sputnik V no Brasil –, a produção verticalizada de vacinas contra a Covid-19 é um importante avanço do país no que tange a preservação de sua soberania e eficiência no combate dessa e de outras pandemias que porventura vierem.

O setor farmacêutico brasileiro tem capacidade e competência para ajudar o povo e o Brasil no enfrentamento de adversidades, como essa que vivemos atualmente. A interação, integração e cooperação dos setores público e privado nacionais no desenvolvimento de tecnologias é um caminho fundamental para a recuperação da capacidade inovadora do Brasil e instrumento de redução de nossa dependência internacional na aquisição de insumos biológicos e vacinas.

(*) Fernando de Castro Marques é presidente do Grupo União Química

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