#EsseCuspeTambémÉMeu

A cusparada de Jean Wyllys em Jair Bolsonaro no último domingo foi a materialização da vontade de boa parte da comunidade LGBTT. Jean Wyllys, o oprimido, atacou Bolsonaro, o opressor. Inverteu os papéis. Palavras já não bastavam para expressar sua contrariedade. Depois de aguentar as falas carregadas de ódio do colega, o parlamentar socialista explodiu […]

Luiz Prisco
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A cusparada de Jean Wyllys em Jair Bolsonaro no último domingo foi a materialização da vontade de boa parte da comunidade LGBTT. Jean Wyllys, o oprimido, atacou Bolsonaro, o opressor. Inverteu os papéis. Palavras já não bastavam para expressar sua contrariedade.

Depois de aguentar as falas carregadas de ódio do colega, o parlamentar socialista explodiu e, junto dele, catalisou, em um ato carregado de simbolismo, todo o seu desejo de vingança. A agressividade de Wyllys foi a devolução, embora em uma escala quase que microscópica, de um histórico de violência contra gays, lésbicas, travestis e transgêneros.

Jean não perdeu a razão. Se cansou. Ser agredido sistematicamente por ser quem você é esgota e enfurece. Ou devemos ignorar que, no Brasil, “viado” é xingamento?

Mais que isso. É perigoso. Levantamento da ONG Grupo Gay da Bahia (GGB) mostra que um LGBTT morre a cada 28 horas no Brasil. Com seus discursos de ódio, Bolsonaros e Felicianos contribuem com essas estatísticas.

Bolsonaro homenageia torturadores e chama gays de pedófilos, mas o que ainda choca e repercute é o cuspe de Jean. Um ato, sem dúvidas, indisciplinado, mas cheio de legitimidade.

Jean pode ser cobrado como parlamentar. Mas, frequentemente, é questionado por ser gay. Ele não cuspiu em Bolsonaro porque o rival é hétero, mas porque se trata de um opressor.

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