Devolvam a bica do Parque Ezechias Heringer à comunidade do Guará
Nesta semana, operação no local destruiu a fonte de água que dava alegria e aliviava o calor dos frequentadores
Adolpho Fuica
atualizado
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A retirada dos invasores do Parque Ecológico Ezechias Heringer, no Guará, foi uma medida acertada do GDF e com empenho fundamental da Agefis e do Ibram. A comunidade reconheceu que a operação traria benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a ampliação do espaço de lazer da unidade ambiental. Mas, nesta semana, um fato em meio a este cenário promissor decepcionou os moradores da cidade.
Desde fevereiro, a operação da Agefis e do Ibram era implacável com os chacareiros. Foram retirados e demolidos desde barracos até grandes casas. Uma dessas construções, a cerca de 100m da pista de caminhada, abrigava uma bica que vertia água de uma nascente. A água pura era consumida exclusivamente pelo invasor, mas, há cerca de dois meses, a residência foi ao chão depois do trabalho dos tratores e agentes do GDF.
O acesso à bica, então, foi franqueado à comunidade, que nesta época de seca usufruiu bastante da queda d’água. Famílias e amigos a visitavam nos fins de semana, aliviando o calor com banhos relaxantes e demorados. A nova atração do parque passou a ser mais conhecida por meio da divulgação de grupos de redes sociais. Cada dia mais pessoas aderiam ao coletivo da bica do parque ecológico do Guará.
Nesta semana, estava prevista a retirada dos escombros dessa e de outras áreas. Para surpresa e decepção dos frequentadores, os agentes que fizeram a limpeza destruíram a bica. Deixaram somente a água correndo, sem a utilidade que antes tinha para o lazer das pessoas. Agora todos se perguntam: vão reconstruir a bica? O que será feito dessa área, já que não tiveram a sensibilidade de manter uma estrutura mínima para usufruto da população?
Os órgãos responsáveis serão procurados por lideranças comunitárias para esclarecer os motivos que levaram à destruição da bica sem que houvesse uma consulta sobre sua permanência ou não no local? Enquanto o GDF não responde, a comunidade se organiza nos grupos de redes sociais, sugerindo de crowfunding a um mutirão para reativar a queda d’água que os moradores do Guará adotoram e gostariam de continuar usufruindo.
Os defensores do Parque Ecológico Ezechias Heringer e das medidas de preservação, conservação e utilização comunitária da unidade ambiental esperam agora que o GDF tenha sensibilidade para uma atuação participativa em relação ao local, inclusive com a nomeação do Comitê Gestor do parque, um ato que há muito tempo está sendo aguardado.
Adolpho Fuica
Presidente da Sociedade dos Amigos do Parque e Reserva Ecológica do Guará (SAPEG)
Professor aposentado da Secretaria de Educação do Distrito Federal