Câmeras devem ser aposta para fim da impunidade em crimes hediondos

Se o investimento em segurança fosse tratado como prioridade, os assassinos seriam ou estariam sendo punidos de forma justa

Ana Helena Paixão
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Uma avaliação mais apurada sobre casos recorrentes de crimes hediondos nos prova que ao longo do tempo a questão da vigilância por câmeras de segurança passou a ocupar a centralidade na perícia e na investigação policial.

Infelizmente, o benefício tecnológico comprovado não acompanha o volume de investimentos em segurança. Dados do Tesouro Nacional mostrando queda nos gastos com Segurança Pública em relação às despesas totais, em 16 estados brasileiros, em 2017, revelados pelo jornal Valor Econômico em fevereiro de 2018, são prova disso.

Numa breve observação histórica de crimes, como os casos de Rubens Leal, Marielle Franco, Maria Cláudia Del’isola e até mesmo o do índio Galdino Jesus dos Santos, que teve o corpo queimado por adolescentes em Brasília, em 1997, veremos que houve uma clara evolução das técnicas de investigação e segurança pautadas na vigilância e no monitoramento por câmeras.

Nos anos 90, seria justificável não utilizar imagens de câmeras para ajudar a encontrar os culpados. No caso do índio Galdino, por exemplo, a expansão tecnológica ainda era muito prematura. Ajudou a solucionar o crime o fato de uma testemunha ter anotado a placa do carro dos assassinos. Com a adolescente de classe média alta, Maria Cláudia Del’Isola, brutalmente assassinada dentro de casa, em 2004, foi unicamente a investigação policial que desvendou o caso.

Mas, agora, em plena era tecnológica, o que justifica não termos ajuda da tecnologia para concluir casos como o do jornalista Rubens Leal, assassinado no último dia 13 de maio em Brasília?

No exemplo deixado pelo caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, aprendemos que, embora as câmeras não tenham registrado as cenas do momento exato do assassinato, a reconstrução do passo a passo do crime só foi possível graças à junção dos depoimentos das testemunhas às imagens de câmeras de segurança. Isso está sendo crucial para se chegar ao provável assassino. Entretanto, se os equipamentos não tivessem sido desligados um dia antes – como noticiou o Metrópoles no dia 3 de maio –, teríamos cenas do momento exato dos disparos contra a ativista.

Dessa forma, se o motel no qual o jornalista Rubens Leal foi assassinado tivesse monitoramento por câmeras na entrada ou na saída do estabelecimento, já teríamos o rosto do assassino estampado em todos os jornais. A vida de um jovem profissional, amado por amigos e dedicado a projetos religiosos teria sido poupada se o culpado pelo crime tivesse sido coibido ou intimidado de alguma maneira.

Quanto mais acompanhamos as notícias, mais nos conscientizamos do quão assertiva e válida é a frase: “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Em todos os casos acima, se o investimento em segurança tivesse sido tratado como prioridade, os assassinos seriam ou estariam sendo punidos de forma justa.

E, por último, há de se falar em prevenção. Será que tais casos teriam acontecido se os assassinos soubessem que estavam sendo filmados? Essa é uma pergunta que só pode ser respondida por quem investe em segurança e sabe que prevenção é sempre o melhor remédio.

 

Glauco Tavares tem mais de 20 anos de experiência em Segurança, é sócio-diretor do Grupo RG Brasil, uma das maiores empresas de segurança de Goiás e presente em todo o país. É especialista em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, graduado em análise de sistema e têm cursos em áreas como licitações, gestão eletrônica de segurança privada e planejamento tributário

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