Saúde privada ficou no “zero a zero” em 2022, diz ANS
Isso no segmento como um todo, mas planos odontológicos e médico-hospitalares acusaram prejuízo, só atenuado por ganhos financeiros
atualizado
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O setor privado de saúde brasileiro fechou 2022 “praticamente no zero a zero”, segundo análise divulgada nesta segunda-feira (24/4) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). De acordo com o relatório feito pelo órgão federal, o segmento registrou lucro líquido de R$ 2,5 milhões no ano passado. Mas, excluídos os ganhos financeiros obtidos pelas empresas, esse valor representou apenas 0,001% das receitas do segmento. Ou seja, para cada R$ 1 mil recebidos, houve R$ 0,01 de lucro.
Se o resultado geral ficou no azul, o mesmo não ocorreu com as operadoras de planos odontológicos e serviços médico-hospitalares. Ambas registraram prejuízo em 2022, cujo valor total atingiu R$ 555 milhões. No caso dos serviços odontológicos, o rombo foi de R$ 47,3 milhões, o equivalente a 1,29% da receita das empresas desse segmento. Em relação aos planos médico-hospitalares, as perdas atingiram R$ 505,7 milhões ou 0,22% das receitas.
No documento, a ANS destacou o fato de o prejuízo dos planos odontológicos ter sido inédito. Ele representou R$ 1,29 de perda para cada R$ 100,00 de receita. Entre os planos médico-hospitalares, houve R$ 0,22 de prejuízo para cada R$ 100,00 arrecadados. “Nessas modalidades”, informou a agência, o resultado negativo final “foi puxado fortemente por grandes operadoras”.
O relatório indica ainda que as administradoras de benefícios (que, em geral, apenas comercializam planos coletivos) obtiveram um resultado positivo em 2022. Elas registraram lucro de R$ 555,57 milhões no ano passado.
“Ressaca pós-Covid”
Desde 2021, aponta a ANS, o setor observa “queda no desempenho com as operações de assistência à saúde (resultado operacional)”. Isso ocorre, “especialmente, nas operadoras médico-hospitalares”. Nelas, destaca o documento, “nota-se uma ressaca pós-Covid, com déficit de R$ 11,5 bilhões no resultado operacional”.
O relatório, porém, faz uma ressalva: “Esse prejuízo operacional, contudo, foi parcialmente compensado pelo expressivo resultado financeiro de R$ 9,4 bilhões no ano, reflexo do aumento das taxas de juros que remuneram as aplicações financeiras das operadoras”.
A agência observou, por fim, que os resultados anuais no período pós-pandemia – desde 2021, portanto – apresentam clara deterioração, especialmente, nas grandes operadoras. Elas registraram lucro recorde de R$ 18,7 bilhões, em 2020, seguido ganhos de R$ 3,8 bilhões, em 2021. Para a ANS, no entanto, o quatro trimestre de 2022 apresentou sinais de recuperação do segmento.