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TSE do México monitorou e desmentiu fake news durante eleições do país

Relato foi apresentado no seminário Tecnologia e Eleições: Não Vale Tudo, organizado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral

atualizado

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Words fake news written on a keyboard.
1 de 1 Words fake news written on a keyboard. - Foto: istock

O presidente do Instituto Nacional Eleitoral do México (INE, órgão análogo ao Tribunal Superior Eleitoral brasileiro), Lorenzo Vianello, apresentou nesta quarta-feira (15/8), em Brasília, a experiência do país nas eleições realizadas neste ano. Segundo destacou, o órgão monitorou e desmentiu publicações falsas sobre o processo eleitoral em mensagens veiculadas no Google, Facebook e Twitter. Os desmentidos foram enviados diretamente aos usuários que tiveram acesso às fake news.

O relato foi apresentado no seminário Tecnologia e Eleições: Não Vale Tudo, organizado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e pelo Instituto Tecnologia e Equidade. O objetivo do debate foi mapear possíveis problemas relacionados ao emprego da internet e outras tecnologias da informação e comunicação nas eleições e discutir possíveis soluções.

Nas eleições realizadas no início de julho passado, o México elegeu como presidente o candidato López Obrador. Assim como no Brasil, Lorenzo Vianello relatou que houve grande debate em seu país sobre o problema da desinformação e das chamadas notícias falsas e como lidar com estas, se por meio da censura e punição ou a partir da oferta de mais informação. De acordo com ele, o Instituto Nacional Eleitoral do México escolheu o segundo caminho.

Vianello disse que um convênio foi firmado com Google, Facebook e Twitter. O órgão monitorou publicações falsas sobre o processo (como data da votação e regras). Ao identificar, veiculava uma resposta com a informação correta, que era divulgada pelas plataformas aos mesmos usuários que tiveram acesso à mensagem falsa.

Projeto de checagem
A parceria entre a autoridade eleitoral mexicana e as plataformas também envolveu medidas de transparência acerca dos conteúdos pagos divulgados por candidatos durante o processo. Segundo Vianello, o repasse dessas informações foi fundamental para facilitar o trabalho do INE de fiscalização dos gastos de campanha com esse tipo de serviço.

Outra iniciativa mexiana foi um grande projeto de checagem denominado Verificado 2018, realizado por diversos jornalistas e veículos de mídia. Em quatro meses, 400 matérias verificadas e houve a produção de 50 vídeos, vistos 1 milhão de vezes. O projeto teve mais de 200 mil seguidores no Facebook e no Twitter.

“Colocamos o combate à desinformação como tema central. Desde que começou, trabalhamos isso. A principal virtude dos convênios foi antecipar o que tínhamos, e teve um efeito inibidor”, avaliou o presidente da autoridade eleitoral mexicana.

Campanhas de desinformação
O secretário-geral adjunto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcos Lavocat Galvão, destacou como risco central envolvendo serviços on-line no pleito, a disseminação de desinformação. “Notícias falsas não podem ser toleradas no processo eleitoral. Campanhas de desinformação cada vez mais comuns apenas servem à mentira e ao preconceito. A prerrogativa de se expressar livremente impõe também grande responsabilidade, o que não tem sido respeitado”, comentou.

Segundo informou o presidente do Instituto Tecnologia e Equidade, Márcio Vasconcelos, a entidade lançou recentemente dois relatórios do projeto Desinformação em Eleições, que mapeia diversas pesquisas sobre o tema e aponta sugestões para combatê-lo. Os documentos tratam não apenas de notícias falsas como também de publicidade paga eleitoral e uso de robôs (bots), analisando o que chama de “desequilíbrios acelerados pela tecnologia”.

“Precisamos criar entre a mídia, agências de checagem e plataformas um modelo para que a sociedade possa reagir mais rapidamente. Além disso, é preciso promover iniciativas de alfabetização midiática. Esse tipo de conteúdo deve entrar nos currículos escolares”, defendeu o presidente do IT&E. Vasconcelos, contudo, alertou para o risco de algumas soluções legislativas apresentadas na Câmara e no Senado. “Há uma proliferação terrível de projetos de lei no Congresso com os quais precisamos ter cuidado”, comentou.

Plataformas
Conforme defendeu o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros, para além do cuidado com as chamadas notícias falsas e com a “pós-verdade”, também é preciso estar atento ao que chamou de “pós-democracia”. No centro desse problema estaria a influência das plataformas no processo político, reforçada pelo poder das empresas de tecnologia sobre as pessoas a partir dos dados coletados dos usuários e pela capacidade de influenciar eleitores ao direcionar mensagens baseadas em desejos e interesses mapeados.

“São empresas que fazem negócios com base em dados comerciais. Usam tecnologia para um público que os defende e que é preparado para criticar, mas não para criticar as plataformas em si”, observou o procurador. Fico inquieto em imaginar uma manipulação de dados feito por plataformas que sabem mais de você mesmo do que você, e te dirigem aquilo que você quer ouvir”, concluiu.

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