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Vaticano assina acordo histórico com a China para nomeação de bispos

O avanço surge quase 70 anos depois que a Santa Sé e Pequim romperam relações diplomáticas

atualizado

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1 de 1 vaticano2 - Foto: ISTOCK

O Vaticano e a China assinaram neste sábado (22/9) um “acordo provisório” sobre a nomeação de bispos, um avanço no assunto que prejudicou por décadas as relações diplomáticas entre os dois e provocou uma divisão entre os católicos chineses.

O documento resolve um dos principais pontos de discórdia entre Pequim e a Santa Sé nos últimos anos, com o Vaticano concordando em aceitar sete bispos nomeados pela China sem o consentimento do papa Francisco.

O avanço surge quase 70 anos depois que a Santa Sé e Pequim romperam relações diplomáticas. A insistência de longa data da China para nomear bispos conflitava com a autoridade papal.

Para o Vaticano, agora todos os bispos na China estão em comunhão com Roma, mesmo que a comunidade católica no país ainda esteja dividida entre os católicos pertencentes à Igreja oficial da China e os da Igreja leal ao pontífice.

“O papa Francisco espera que, com essas decisões, um novo processo possa começar e permitir que as feridas do passado sejam superadas, levando à completa comunhão de todos os católicos chineses”, declarou o Vaticano em um comunicado.

Alguns católicos chineses se opuseram ao acordo, principalmente o cardeal de Hong Kong, Joseph Zen. Ele havia chamado anteriormente a medida de venda daqueles que se recusavam a se unir à Associação Estatal Patriota de Católicos Chineses e pagavam o preço por permanecerem leais a Roma durante anos de perseguição.

Zen não respondeu aos pedidos por comentários sobre o assunto, mas em seu blog criticou a falta de detalhes do documento, incluindo a não menção do status de diversos bispos já nomeados pelo papa.

“Qual é a mensagem que esse comunicado transmite aos fiéis na China? Acreditem em nós. Aceitem esse acordo”, escreveu ele, acrescentando: “o texto é equivalente ao governo chinês dizer aos católicos que nos obedeçam, estamos de acordo com o seu papa”.

Rascunho
O porta-voz do Vaticano, Greg Burke, indicou que o acordo servirá como um rascunho para a nomeação futura de bispos, líderes dos fiéis em suas dioceses. Ele disse a jornalistas que o objetivo não é político, mas pastoral. “Permite que os fiéis tenham bispos em comunhão com Roma e, ao mesmo tempo, sejam reconhecidos pelas autoridades chinesas”, encerrou Burke.

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